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Obras de artistas mulheres são destaque na Bienal de Veneza

Problemas sociais da migração e as alterações na política externa são tema de exposição em Veneza

Por Giovanna Jarandilha
Atualizado em 17 fev 2020, 16h37 - Publicado em 17 Maio 2019, 11h46

No último sábado, dia 11 de maio, teve início a 58ª Bienal de Arte de Veneza, feira internacional que reúne o melhor do cinema, arquitetura, dança, música e teatro. Mais de 70 artistas internacionais irão rechear a cidade com exposições culturais dos mais variados tipos, mas são as mulheres que vêm roubando a cena de verdade.

Neste ano, a Bienal tem como tema “may you live in interesting times“, fazendo com que os artistas se desdobrem para encontrar maneiras criativas de retratar as complexidades da vida moderna. De muro do Trump à ópera em praia, confira 8 mulheres que não pouparam no caráter político e ambiental de suas obras.

(Giacomo Cosua/CASACOR)

A França está sendo representada no pavilhão líquido de Laure Prouvost, que criou um projeto de resina que simula a água do mar. Os visitantes são surpreendidos por uma sala inteira branca, colorida apenas por um belo piso azul claro coberto de impurezas, em denúncia à poluição marítima.

A apresentação é centrada na exibição de um filme de ficção que retrata o início de uma jornada pela França, executada por personagens de diferentes idades e origens sociais, em uma reflexão sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

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(Teresa Margolles/CASACOR)

A obra de Teresa Margolles é constituída por um muro: essa é a forma que a artista mexicana encontrou para explorar visualmente o cenário político atual. Fazendo alusão ao muro de Trump na fronteira do México com os Estados Unidos, a artista buscou protestar no arame farpado e no concreto contra a impotência das classes sociais mais baixas.

A Frontera conclui em si uma tendência de Margolles de questionar a sociedade atual a partir dos problemas de seu próprio país, dando voz à população mexicana e levantando discussões acerca de temas como o narcotráfico.

(Biennale de Venezia/CASACOR)

O pavilhão da Lituânia reescreve aquilo que se entende por praia: dentro de um prédio histórico, os visitantes são convidados a acompanhar os banhistas de todas as idades, estilos e gênero em uma performance de ópera.

Durante uma hora, as vozes dos cantores em roupa de banho se unem numa melodia comovente, que rendeu à apresentação Sun and Sea (Marina) o prêmio Golden Lyon. As mulheres  que idealizaram e deram vida ao projeto são Lina Lapelyte, Vaiva Grainyte e Rugile Barzdziukaite, com curadoria de Lucia Pietroiusti.

O pavilhão de Zimbábue tem como tema a imigração forçada e o colapso da vida familiar, em retratos comoventes sobre refugiados. As pinturas de Kudzanai-Violet Hwami conseguem transcrever a condição de personagens negros em tinta de cores fortes que remetem a um etnicismo nacional.

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Aos 26 anos, o trabalho de Hwami reflete uma maturidade temática e estilística. Suas pinturas revelam os desafios e riscos da diáspora, a solidão enfrentada pelos migrantes e a sensação de despertencimento ligada à saída do país de origem.

(Martine Gutierrez/CASACOR)

A Bienal também contará com o trabalho de Martine Gutierrez, artista trans latina radicada em Nova York. Chamada “Body in Thrall“, ou corpo em escravidão, a artista traz um olhar intimista e crítico para a beleza feminina e as formas de colonialismo contemporâneo.

Conhecida por ter produzido e publicado sozinha uma revista de moda chamada Indigenous Woman, composta por 146 páginas e preenchida com autorretratos, Gutierrez procura dar as suas fotografias um caráter subversivo e gender-fluid.

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(Marta Cereda/CASACOR)

A belíssima instalação de Renate Bertlmann coloca em questão a ambivalência da existência humana de forma delicada e certeira. Uma centena de rosas vermelhas guardam dentro de si facas afiadas, que foram fixadas umas ao lado das outras na extensão do espaço canonicamente branco, criando um efeito visual poderoso.

Membro da linha de frente de artistas feministas internacionais, Bertlmann é a primeira mulher a fazer uma apresentação solo no pavilhão da Áustria nas 58 edições da Bienal de Veneza.

(Swinguerra/CASACOR)

A brasileira Bárbara Wagner também marca presença na Bienal. Desde 2011, ela produz junto de Benjamin Burca uma série de trabalhos audiovisuais que dialogam com temas populares e pouco explorados, como o brega pernambucano.

Neste ano, irá exibir o filme Swinguerra, que em seus 20 minutos exibe a vivência de três grupos de dança de brega funk e de funk paulista e carioca. Os grupos de jovens se reúnem em locais Recife para ensaiar as coreografias que serão performadas em competições de swingueira.

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