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Casa multiespécie: vivendo na (boa) companhia das plantas e pets

Apontado como tendência, esse novo formato de família deve influenciar os projetos residenciais e o mercado de decoração e interiores

Por Nádia Simonelli
19 fev 2024, 09h00

Não é novidade que ter um animal de estimação em casa pode deixar o dia a dia mais divertido e amoroso e, para muitas pessoas, ajuda também no tratamento de doenças como depressão e ansiedade. Mas, de alguns anos para cá, o número de casas e apartamentos com cães e gatos aumentou consideravelmente e o mercado de produtos para pets também cresceu. De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Pet Brasil junto ao IBGE, chamado Censo Pet, o Brasil tem mais de 139 milhões de animais de estimação, sendo 54 milhões de cães, 39,8 milhões de aves, 23,9 milhões de gatos, 19,1 milhões de peixes e 2,3 milhões de répteis e pequenos mamíferos. Outro dado interessante da pesquisa é que mais de 47% dos pets habitam a região sudeste do país.

Além dos pets, as plantas também figuram como companheiras de muitos moradores. A onda da urban jungle veio com tudo e, com ela, surgiram as mães e os pais de planta. Imagens e conteúdos voltados para esse universo explodiram nas redes sociais, principalmente durante a pandemia, e aqueceu o mercado de jardinagem e paisagismo.

Paralelamente a esses crescimentos, um estudo da WGSN, empresa especializada em pesquisa de tendências, apontou em 2024 a casa multiespécie como um dos insights que se destacam em seu relatório anual. De acordo com o estudo, a previsão é que os espaços onde moramos vão se adaptar cada vez mais às necessidades de nossos companheiros peludos ou verdes. As casas que agora abrigam diversas espécies de seres vivos anunciam o surgimento de famílias não tradicionais, com plantas habitando salas de estar e pets dormindo em nossas camas.

Casa multiespécie: vivendo na (boa) companhia das plantas e pets
A casa multiespécie é uma tendência forte que vai trazer mudanças significativas nos projetos residenciais (Chewy/ Unsplash/CASACOR)

Com isso, muitas novidades alinhadas a essa tendência devem surgir nos mercados de tecnologia e design de interiores. No começo do ano, a Samsung, por exemplo, lançou uma nova versão do Ballie, seu robô doméstico com IA, que desempenha o papel de assistente pessoal, movendo-se de forma autônoma pela casa para executar diversas tarefas. Uma delas é proporcionar tranquilidade ao enviar atualizações em vídeo dos pets para os dispositivos dos moradores quando estão fora de casa.

Ainda segundo a pesquisa da WGSN, a casa multiespécie está ligada a diversas gerações — de baby boomers e pessoas da geração X, que adotam aves, cães e gatos depois que os filhos se mudam de casa, aos millennials e à geração Z, que tratam os pets como filhos de quatro patas e plantas como companheiras.

Nos projetos de interiores, a previsão é que veremos muitas demandas novas, a exemplo de pátios para cães e gatos, quartos para cachorros e chuveiros para pets com grande apelo estético. Além disso, esses novos ambientes também devem ser preparados para receber uma limpeza mais pesada quando necessário.

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As plantas também devem ter mais presença nas casas e apartamentos e serem expostas com arranjos inovadores, como hidropônicos, vasos criativos, terrários e designs com suportes montados direto nas paredes.

Veja abaixo ideias de ambientes multiespécie

apartamento; decoração; são paulo; arquitetura; pets
(Cris Farhat/CASACOR)

Assinado pelo escritório MATÚ Arquitetura, das arquitetas Gabrieli Azevedo, Fernanda Lins, Ana Pernambuco e Bruna Marchiori, o apartamento localizado na Zona Oeste de São Paulo é a moradia de uma família multiespécie: um casal, três gatos e dois cachorros, sendo um deles deficiente visual. Uma área social foi criada com a proposta de atender às demandas de cada um: uma estante-playground para os gatos, um sofá baixo e modular para ajudar na acessibilidade dos cachorros, um escritório para o morador trabalhar e tocar guitarra, e um grande banco abaixo da janela para a moradora ter seus momentos de leitura e expor algumas peças de arte com valor afetivo.

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Casa multiespécie: vivendo na (boa) companhia das plantas e pets

Projetada pelo escritório australiano Wowowa, esta é a casa de um casal apaixonado por viagens com quatro bebês peludos: dois cachorros e dois gatos. O projeto reformou uma construção dos anos 1970 e criou uma ambientação contemporânea e confortável para todos os membros da família. Toques de laranja na cozinha e outros tons quentes espalhados pelo décor reforçam o clima aconchegante do espaço.

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Localizado em Ipanema, Rio de Janeiro, o primeiro apartamento da arquiteta Luiza Mesquita, sócia da arquiteta Luana Bergamo no escritório Sketchlab Arquitetura, tem 60 m² e foi totalmente reformado para receber a profissional e seu filho de quatro patas, o pitbull Koda. Segundo ela, o projeto incorpora seus gostos e lembranças. “Posso dizer que é 50% careta e 50% jovem, pois, ao mesmo tempo em que eu quis trazer uma atmosfera contemporânea, pensei em como nós, arquitetos, estamos sempre em transição e queremos experimentar novas tendências”, explica. A preocupação com a praticidade também foi primordial, pois a moradora queria materiais e acabamentos que facilitassem o dia-a-dia, com manutenção rápida e descomplicada. Um bom exemplo foi a opção dela pelo piso de porcelanato amadeirado no padrão carvalho, no lugar da madeira propriamente dita.

Apê de 84 m² em estilo escandinavo foi pensado para os gatos da moradora. Projeto de Nilton Montarroyos. Na foto. cozinha com balcão branco e parede ripada.
(Luiza Schreier/CASACOR)

Um dos principais pedidos da moradora deste apartamento de 84 m², no Leblon, Rio de Janeiro, era que os ambientes fossem confortáveis e práticos para receber seus cinco gatos. O projeto foi elaborado pelo arquiteto Nilton Montarroyos e incluiu a troca de toda a infraestrutura elétrica e hidráulica. “Ela pediu uma cozinha integrada à sala, um closet com muitos armários, um quarto de hóspedes confortável e que a casa fosse adaptada para seus pets”, conta o profissional.

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Apartamento Varanda - Guto Requena
(Maíra Acayaba/CASACOR)

Uma longa floreira suspensa atravessa todos ambientes integrados e desenha, junto com os vasos de chão e pendentes, um bioma particular neste apartamento projetado pelo Estúdio Guto Requena. A presença de vegetação em escala nos ambientes é capaz de criar um microclima específico, diminuindo as altas temperaturas e melhorando a qualidade do ar, premissas importantes em uma cidade como São Paulo.

Apartamento e escritório do Ricardo Abre na Avenida Paulista- SP

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O destaque deste apartamento, localizado em plena Avenida Paulista, está na inserção das mais de 50 plantas de diversas origens, com espécies variadas de samambaias, filodendros, ficus e suculentas. A cor verde predominante recobre também as paredes, os tecidos, as persianas e o mobiliário. Projeto do arquiteto Ricardo Abreu.

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