A Casa como Casa: Lina Bo e Pietro M. Bardi “retornam” ao lar

O Instituto Bardi, sediado na Casa de Vidro, organizou uma exposição que retorna objetos e mobília do casal para a construção

Por Ana Carolina Harada
Atualizado em 13 abr 2018, 18h55 - Publicado em 13 abr 2018, 18h21

Por quase cinco décadas a Casa de Vidro foi o lar de Lina Bo e Pietro M. Bardi. No ano de 1990, ainda em vida, eles transformam o imóvel, localizado no bairro do Morumbi, em um instituto dedicado ao estudo e a pesquisa da arquitetura e arte brasileira. A exposição “A Casa como Casa”, que permanece aberta até o dia 2 de junho, retorna os pertences pessoais e móveis do casal, trazendo de volta a presença humana, que ficara em segundo plano na transição para museu.

Quando se entra na Casa de Vidro mobiliada a sensação é de ser um convidado a espera de anfitriões que podem voltar a qualquer momento. No meio de cadeiras, poltronas e mesas – hoje peças icônicas de design – a bagunça típica e caótica de todos os lares está lá: bibelôs, presentes, livros, consoles italianos e outros mais. Esses objetos pessoais conseguem transmitir o sentimento de habitação, algo que a arquitetura isolada não é capaz de fazer.

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A edificação e a própria figura de arquiteta moderna que Lina possui se desmancham diante da riqueza de sua personalidade. Em um quarto separado do marido, está uma cama modesta, de ares austeros, santos de vestir que colecionava e obras de arte sacra. Dispondo de tamanha intimidade, percebe-se que Lina era, de fato, uma mulher do futuro, diferente de seus pares modernistas, que buscava soluções para suas próprias questões.

Do lado de fora, no jardim que o casal tanto amava (as árvores são tombadas como parte do patrimônio), é possível ainda encontrar outros personagens muito autênticos da Casa: gatos, segundo consta já habitaram o terreno mais de trinta felinos, e jabutis de Lina e Pietro.