Livro de Carlos M. Teixeira propõe novos olhares para os vazios urbanos
A publicação propõe uma nova abordagem sobre as cidades, com foco não nas construções mas nos espaços em potencial: os vazios
O que pode o vazio? Para o arquiteto Carlos M. Teixeira, um campo de estudo, trabalho e fascínio sobre o qual se debruça há mais de duas décadas. Esse olhar sensível para as possibilidades do não construído originou o livro “Em obras: história do Vazio em Belo Horizonte”, publicação em que ele propõe uma nova abordagem sobre as cidades, com foco não nas construções mas nos espaços em potencial, de forma a imaginar outras formas de relação das pessoas com a urbe, compreendendo o espaço público como um campo de transformação social.
Ao longo do livro, Carlos analisa como a força dos vazios, prevista no projeto original de Belo Horizonte, foi sendo invadida por construções arquitetônicas. Os descaminhos do crescimento desordenado desconfiguraram a capital e fizeram com que muitos de seus moradores hoje desconheçam que Belo Horizonte foi planejada. Lançado originalmente em 1999, o livro trazia uma abordagem nova sobre as cidades, resultado do período de estudos de Carlos M. Teixeira na Architectural Association, escola progressista de Londres.
“Tudo o que não é arquitetura, que é espaço público, que acontece entre dois ou vários prédios tem uma importância e potência que nem sempre é considerada pelos próprios arquitetos, mas que deveria ser alvo de atenção. O livro é um apanhado de Belo Horizonte, não focado nas construções, mas nos vazios”, explica o autor.
Além de analisar essas transformações e seus consequentes problemas, Carlos também propõe soluções. Na parte final do livro, o arquiteto apresenta projetos que ajudariam a repensar a relação da população com a cidade, tornando o espaço comum mais democrático e integrado com o entorno e a natureza. Como o autor explica, são ideias que já faziam sentido em 1999 e que, em 2022, são ainda mais urgentes.
A capa do livro, por exemplo, faz referência a um projeto de incorporação de uma zona de mineração de ferro, que fica logo atrás da Serra do Curral. Através da criação de um parque no local, Carlos propõe reequilibrar a ausência de espaços públicos, e de vazios, da cidade.
Sobre o autor
Formado em arquitetura pela UFMG, Carlos M. Teixeira é mestre em urbanismo pela Architectural Association e doutorando pela FAUP. Publicou os livros “Em obras: história do vazio em Belo Horizonte” (Cosac Naify, 1999), “O condomínio absoluto” (C/ Arte, 2009), “Ode ao vazio” (Romano Guerra/Nhamerica, 2017) e é um dos organizadores de “Espaços colaterais” (Cidades Criativas, 2008). Já expôs seus trabalhos no Palácio das Artes (Belo Horizonte), Viaduto das Artes (Belo Horizonte), Festival International des Jardins (França), UABB Bi City Biennale de Hong Kong e Shenzhen, Galleria Campo (Roma), Bienal de Arquitetura de Veneza, Victoria & Albert Museum (Londres), Bienal de Arte de São Paulo e Bienal de Arquitetura de São Paulo, entre outros. Em 2002, fundou o escritório de arquitetura Vazio S/A.