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CASACOR São Paulo 2024: elenco estreante revela os destaques da mostra

Natureza indoor, afetividade e brasilidade estão entre as tendências apontadas por profissionais que participaram pela primeira vez do evento

Por Nádia Simonelli
Atualizado em 5 ago 2024, 18h00 - Publicado em 29 jul 2024, 12h21

Um time de profissionais estreantes deixou sua marca na CASACOR São Paulo ao impressionar o público com inovações e um olhar fresco sobre o morar contemporâneo. Além de propor tendências e levar muita inspiração para quem visitou os ambientes, esse grupo de arquitetos e designers de interiores também revelou o que mais gostou e achou mais interessante na edição 2024 do evento. Confira a seguir!

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Johnny Viana

Autor do projeto Colmeia com Mel — que abrigou o restaurante Badebec durante a mostra —, o arquiteto Johnny Viana ressalta o uso materiais orgânicos nos ambientes, o que trouxe uma atmosfera mais aconchegante de modo geral.

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Johnny Viana Arquitetura - Colmeia com Mel. Projeto da CASACOR São Paulo 2024.
Johnny Viana Arquitetura – Colmeia com Mel. Projeto da CASACOR São Paulo 2024. (MCA Estúdio/CASACOR)

“Exemplo disso são as pedras usadas nas bancadas e pias, que são diferentes do que é utilizado normalmente, mas não são rústicas, e sim voltadas para o orgânico mesmo”

Johnny Viana

 

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Além disso, o profissional revela que gostou da presença de vasos e de muita natureza dentro dos ambientes. Segundo Johnny, a biofilia foi usada como elemento de decoração praticamente em quase todos os espaços da CASACOR São Paulo. Outro aspecto que chamou sua atenção foi a atmosfera de casa de verdade que os ambientes tinham, com aconchego e ainda mais conforto, o que foi diferente dos outros anos, que, de acordo com ele, eram mais frios e voltados para o design, e não tanto para o morar da vida real.

Marina Salomão

A arquiteta Marina Salomão foi a autora do projeto Sertões do Saber, onde foi instalada a livraria da CASACOR São Paulo 2024. A profissional revela que a achou a edição desse ano muito mais interessante do que algumas anteriores. Não só por causa de sua estreia, mas por certos pontos que chamaram muito a sua atenção. O primeiro deles é o fato dos ambientes comerciais estarem abertos ao público. “Essa estratégia foi muito interessante, pois todo mundo pôde conhecer um pouquinho do que é a CASACOR, desse mundo que a gente vive e ter essa experiência”, diz.

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Marina Salomão - Sertões do Saber. Projeto da CASACOR São Paulo 2024.
Marina Salomão – Sertões do Saber. Projeto da CASACOR São Paulo 2024. (Rafael Renzo/CASACOR)

Um segundo ponto está relacionado ao trabalho que a arquiteta costuma realizar com os projetos de seu escritório no dia a dia.”Todos os ambientes da mostra estão contando histórias e são muito personalizados”, explica.

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“Acredito que cada pessoa tem que ter a sua casa no estilo que combina com ela, com a sua personalidade e contar a história por trás de cada família”

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Marina Salomão

 

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Marina relembra que na CASACOR São Paulo 2024 houve destaque para o uso de elementos produzidos por artesãos brasileiros. “O arquiteto Gabriel Fernandes, por exemplo, trabalhou com o tijolinho, que ficou impecável, em seu ambiente Casa Veredas Simonetto. No meu, Sertões do Saber, nós trouxemos o sisal do sul da Bahia, que além de ajudar e incentivar o trabalho dessas pessoas, também ofereceu visibilidade e reconhecimento para os artesãos brasileiros. Então, isso para mim foi o mais impactante”, diz. Outro destaque, na opinião da arquiteta, foram os tetos. “Para mim, foram os mais legais. Como eu amo trabalhar com esse elemento, usando muito teto colorido, inclusive de madeira, esse ano vários ambientes apresentaram tetos diferentes, com detalhes no forro”, finaliza.

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Gabriel Rosa

Lavabo Terra Sagrada, por Gabriel Rosa na CASACOR São Paulo 2024.
Lavabo Terra Sagrada, por Gabriel Rosa na CASACOR São Paulo 2024. (Theggrau/CASACOR)

Inspirado pela tradição e espiritualidade dos himbas — habitantes do norte da Namíbia e último povo seminômade da África —, o arquiteto Gabriel Rosa assinou o lavabo Terra Sagrada na CASACOR São Paulo 2024. O profissional estreante na mostra revela que achou muito interessante a forma com que as histórias e conceitos foram contados neste ano.

“Destaco toda a criatividade e ousadia nos acabamentos e materialização escolhidos pelos arquitetos”

Gabriel Rosa

Dois ambientes que Gabriel gostou muito e que, segundo ele, comprovam tudo o que mencionou sobre conceito, história, acabamentos e ousadia são a Cozinha Torno, do Mandril Arquitetura, e a Ocupação Terreiro, do Studio Tarimba.

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Rodolfo Consoli

Criador do Home Office na CASACOR São Paulo, o arquiteto Rodolfo Consoli notou uma tendência sobre misturas de materiais no mesmo ambiente, a exemplo do cromado e com o dourado (latão) e diferentes tipos de mármores, variando cores, texturas e acabamentos.

Rodolfo Consoli - Home Office. Projeto da CASACOR São Paulo 2024.
Rodolfo Consoli – Home Office. Projeto da CASACOR São Paulo 2024. (MCA Estúdio/CASACOR)

O profissional também destaca a forte presença de mobiliário vintage — principalmente com formatos, cores e tecidos pouco usuais — e do contemporâneo coexistindo em total harmonia no mesmo projeto.

“A ordem é mesclar criações de designers consagrados da segunda metade do século XX com peças assinadas por designers da geração contemporânea”

Rodolfo Consoli

Outro aspecto que chamou a atenção de Rodolfo foram os tapetes e tecidos com maxi-estampas coloridas. Ele cita como exemplo o kilim do home office projetado por ele (sobreposto a um tapete neutro), o tapete e as roupas de cama do ambiente assinado pela designer Paola Ribeiro e as poltronas do espaço assinado pelo arquiteto Marcelo Salum. Além disso, os bares também se tornaram protagonistas em diversos projetos. “Bem elaborados, com iluminação de destaque, repletos de taças e objetos de diferentes épocas e estilos”, destaca. Outro ponto interessante nessa edição lembrado por Rodolfo é a iluminação predominantemente indireta. “Deixa o ambiente mais aconchegante, não ofusca o visitante nem cria a sensação de canhão de luz”, completa.

Kesley Santiago

Estreante e criadora do Quarto Njinga — um espaço infantil que homenageia a rainha de Angola — na edição paulistana da CASACOR 2024, a arquiteta Kesley Santiago revela que identificou como tendência o foco na reconexão com as memórias afetivas.

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Kesley Santiago - Quarto Njinga. Projeto da CASACOR São Paulo 2024.
Kesley Santiago – Quarto Njinga. Projeto da CASACOR São Paulo 2024. (Bia Nauiack/CASACOR)

“Há forte presença de elementos que evocam memórias, como frases, objetos e músicas”

Kesley Santiago

De acordo com a arquiteta, as muitas técnicas artesanais aplicadas na produção dos ambientes reforçam ainda mais a valorização da pessoalidade e da história que permeia a arquitetura. “Uma atmosfera de autenticidade envolve os projetos à medida que cada um traz sua história e raízes para os ambientes”, diz. Kesley explica também que a criação de mobiliários, objetos, papéis de parede, tecidos e estampas reforça o valor e a força que as memórias afetivas têm nos projetos de interiores e como este tipo de arquitetura cria uma conexão emocional entre espaço e público.

Red Square Arquitetura

Sócias no escritório Red Square Arquitetura, Débora Pinheiro e Renata Nascimento estrearam na CASACOR São Paulo 2024 com o banheiro Ilhas de Reflexão. A dupla destaca a presença marcante de elementos naturais, refletindo brasilidade. “Muitos arquitetos buscaram incorporar essa essência em seus projetos, usando obras de arte e materiais locais. No nosso banheiro, por exemplo, usamos quartzo natural, um material totalmente brasileiro. Essa tendência de valorizar materiais e elementos nacionais foi uma constante entre os arquitetos, destacando a riqueza da cultura e dos recursos naturais do nosso país”, explica Renata.

Red Square Arquitetura - Ilhas de Reflexão. Projeto da CASACOR São Paulo 2024.
Red Square Arquitetura – Ilhas de Reflexão. Projeto da CASACOR São Paulo 2024. (Bia Nauiack/CASACOR)

Renata ressalta também que a arte desempenhou um papel significativo na decoração dos ambientes. “Um exemplo marcante é o quadro feito de miçangas no espaço da Coral, que considero uma peça excepcional. Esse quadro, com sua confecção detalhada e cores vibrantes, é uma representação perfeita da arte brasileira”, afirma. 

“É interessante ver como a arte pode se conectar com a moda, trazendo elementos típicos das vestimentas para a decoração, criando uma fusão única entre as duas áreas”

Renata Nascimento
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Outra observação interessante, segundo Renata, é que muitos ambientes traziam uma história, às vezes pessoal. “Por exemplo, um dos arquitetos recriou um terreiro em seu espaço, conferindo um toque autêntico e cultural ao seu projeto. Essa abordagem narrativa enriqueceu a CASACOR, transformando os espaços em mais do que simples ambientes decorados, mas em verdadeiros contadores de histórias e reflexões da identidade brasileira”, explica. A religiosidade e a cultura brasileira foram expressas por meio de móveis de madeira e couro, integrando peças clássicas do mobiliário brasileiro. 

Renata lembra ainda que o cuidado com a iluminação foi outro diferencial da mostra. “Alguns ambientes aproveitaram ao máximo a luz natural, enquanto outros se destacaram pela iluminação artificial, especialmente a indireta, o que proporcionou conforto. Em nosso espaço, destacamos as luminárias, tratando-as como obras de arte. A ideia foi criar movimento e uma reflexão sobre o papel em branco, promovendo um ambiente de contemplação”, diz.

Já Débora destaca uso de texturas – do tecido, da pedra, dos elementos naturais. “É impossível refletir sobre nossa vida no planeta sem relacioná-la com os elementos naturais“, reflete. De acordo com a arquiteta, a brasilidade não é apenas um tema estético, mas também uma reflexão sobre nossa identidade e cotidiano. “O design brasileiro está em um momento de evolução, seja no mobiliário ou na iluminação, e já oferecemos um trabalho de muita qualidade. Não precisamos mais recorrer apenas a referências externas para criar algo incrível; nossa própria cultura e design já são mais do que suficientes para isso”, defende.

“Ao olhar para dentro, para quem somos e para o mundo que desejamos, acabamos trazendo elementos do Brasil para nossas escolhas”

Débora Pinheiro

Um ambiente que marcou Débora, especialmente, é o Caminhos Portinari, assinado por Melina Romano, que tinha uma árvore de ponta-cabeça no centro. “Esse espaço é neutro e claro, alinhado com a estética que apreciamos nos projetos. Ele é minimalista, com mais espaço do que objetos, mas proporciona uma sensação de aconchego e paz, principalmente pela iluminação bem pensada. É um lugar onde você se sente bem e gostaria de passar um bom tempo”, destaca.

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Outro ambiente que impressionou a arquiteta foi o projeto do arquiteto Gabriel Fernandes, com os tijolinhos. “O espaço se destaca por ser diferente e fora da caixa, incorporando fortemente a brasilidade. A decoração remete a uma casa de fazenda, com itens genuínos de comunidades brasileiras, especialmente de grupos de mulheres. O efeito do telhado de tijolos é incrível e contribui para a singularidade do espaço”, conclui.

Letícia Granero

A arquiteta Letícia Granero criou o espaço Um dia de Cada Vez, um refúgio de 148 m², onde os visitantes podiam desacelerar e apreciar os elementos naturais presentes no décor. De acordo com ela, as tendências da CASACOR paulistana se destacaram pela abordagem contemporânea e acolhedora na decoração de interiores.

Letícia Granero Interiores - Um Dia de Cada Vez. Projeto da CASACOR São Paulo 2024.
Letícia Granero Interiores – Um Dia de Cada Vez. Projeto da CASACOR São Paulo 2024. (Daniela Magario/CASACOR)

“Móveis orgânicos e pedras trouxeram a natureza para os ambientes, iluminação indireta criou uma atmosfera suave, cores terrosas promoveram aconchego, espaços com cara de casa acolhem, e peças com significados afetivos personalizaram as decorações”, diz. Segundo Letícia, esses elementos combinados resultaram em espaços únicos, que uniram beleza, funcionalidade e emoções, que proporcionaram experiências marcantes e significativas aos visitantes.

Adriana Farias

Criadora do banheiro Hutukara, um ambiente que homenageou a cultura ianomâmi, a designer de interiores Adriana Farias revela que o que mais chamou a sua atenção na maioria dos ambientes da CASACOR 2024 foi a presença de formas orgânicas, seja na estrutura do ambiente, como em tetos e paredes, como na marcenaria ou nos móveis soltos.

Adriana Farias - Hutukara. Projeto da CASACOR São Paulo 2024.
Adriana Farias – Hutukara. Projeto da CASACOR São Paulo 2024. (Israel Gollino/CASACOR)

“Formas arredondadas são encontradas na natureza, trazem fluidez e leveza. Provavelmente, existiu esta conexão intencional ou não dos profissionais do elenco. Naturalmente, tendemos a ligar os formatos arredondados ao acolhimento. Também, há tempos, elas estão sendo muito empregadas na arquitetura mundial. Oscar Niemeyer era um amante das curvas sinuosas”, explica.

Daniela Funari

Autora do ambiente Solos, que abrigou lounge de entrada e bilheteria na CASACOR São Paulo 2024, a arquiteta Daniela Funari destacou três pontos que viu bastante presente nos ambientes. “Chamaram a minha atenção e acho que são tendências que vieram para ficar durante um tempo”, afirma.

Daniela Funari Arquitetura - Ambiente Solos. Projeto da CASACOR São Paulo 2024.
Daniela Funari Arquitetura – Ambiente Solos. Projeto da CASACOR São Paulo 2024. (MCA Estúdio/CASACOR)

A arquiteta começa destacando os jardins internos, trazendo o verde de fora para dentro. “São jardins muito bem pensados para cada espaço, muito bem conservados e, na grande maioria, com plantas naturais. Isso é fundamental para trazer toda energia que a planta tem”, diz. De acordo com Daniela, como a mostra está inserida em uma grande cidade, trazer o verde para dentro é algo muito bem-vindo.

“Todos esses jardins internos vieram muito bem e estão aqui para ficar, para humanizar todos os ambientes”

Daniela Funari

A profissional também ressalta as cozinhas, que foram muito bem representadas pelos arquitetos e designers, trazendo alegria, seja no mobiliário divertido, brincadeiras em relação à marcenaria, acabamentos ou com azulejos do backsplash. “Essas cozinhas com azulejos e cor também estão em grande destaque”.

E, por fim, Daniela lembra do mobiliário diferente. “Temos sofás, poltronas em formatos orgânicos e em móveis de design, muitas vezes assinados, que também são destaques e muito bem inseridos em projetos residenciais. A gente consegue ter esse tipo de mobiliário em casas e apartamentos. E, trabalhando os tecidos diferentes neles, é possível compor estilos mais ousados”, conclui.

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