Clássico de Sergio Rodrigues, Poltrona Chifruda celebra 60 anos
Símbolo do pós-modernismo brasileiro, a poltrona marcou o início do movimento que entendia móveis como obras de arte
Há 60 anos, após a decisão de fazer em sua galeria, a Oca, uma exposição para divulgar o móvel como obra de arte, o mestre do design brasileiro Sergio Rodrigues apresentou, quase como um experimento, uma cadeira que rompia com o pragmatismo da “forma e função” do design vigente. A poltrona Aspas foi batizada informalmente de Chifruda, em função de sua cabeceira avantajada.
Sergio Rodrigues queria mostrar com o projeto da Chifruda a grande habilidade de seus artesãos no trato do couro e da madeira, e aproveitou a oportunidade para desenhar talvez a mais disruptiva de suas criações. Linhas sinuosas que remetem longinquamente a móveis tradicionais e a coisas selvagens. Seções ovaladas de complexa usinagem, encaixes sofisticados ajustados necessariamente à mão e elementos que remetem a civilização Viking, eram algumas das ideias que permeavam a imaginação de Sergio na criação da Chifruda.
Com o tempo, a peça se tornou um símbolo do pós-modernismo brasileiro e marca um movimento importante na história da arquitetura e do design nacional: o de incentivo aos arquitetos do período a desenharem móveis. A peça, que foi objeto principal da exposição “Móvel como objeto de arte”, chamou a atenção da crítica de arte por suas formas inusitadas, sendo precursora desse movimento.
Para celebrar o aniversário de 60 anos dessa peça icônica na história do mobiliário brasileiro, um exemplar “Hors Commerce” será doado para integrar o acervo do Museu da Casa Brasileira, que se estenderá para atividades que ocorrerão no início de 2023 em torno da doação.