Reforma restaura itens originais em apartamento do Edifício Saint Honoré
Na família há três gerações, o imóvel projetado por Artacho Jurado foi repaginado pelo escritório SAO Arquitetura
A avó materna do advogado André Previato comprou ainda na planta, nos anos 1960, um apartamento no Edifício Saint Honoré, na Avenida Paulista, em São Paulo. O prédio, projetado pelo construtor João Artacho Jurado, foi um dos primeiros edifícios da região e é considerado um clássico da arquitetura paulistana.
Em 2019, a senhora, que viveu no imóvel durante toda a vida, faleceu e deixou o imóvel para a família. O apartamento de 240 m² no 18º andar acabou sendo comprado por André e seu marido, o arquiteto Alexandre Skaff (que é sócio de Simone Carneiro no escritório SAO Arquitetura).
O escritório, então, iniciou o projeto analisando toda a planta estrutural, assim como os itens que poderiam ser restaurados. O apartamento contava com um acervo grande de móveis Dinucci, marceneiro e designer da década de 1960, que assinava todo o mobiliário do apartamento original.
A reforma fez um ajuste na configuração do layout do imóvel para otimizar os novos espaços e circulações e, ao mesmo tempo, foi realizado um minucioso trabalho de restauro e escolha de materiais para que a intervenção tivesse diálogo com a arquitetura do edifício.
“O desenho do imóvel foi repensado de modo a ter o mínimo de interferência possível, as salas foram ampliadas, criando um único espaço integrado, a estrutura aparente, resultado da demolição, somada a um monolito em granilite que foi criado em um dos quadrantes do espaço, delimitam área social do apartamento”, conta o escritório.
As novas conexões dos ambientes proporcionaram maior iluminação natural e ventilação cruzada. A cozinha, agora aberta à sala de jantar, ganhou amplitude com a inserção da ilha de granilite que se tornou o espaço de apoio e conexão dos ambientes.
Uma nova malha hidráulica possibilitou a criação de um novo lavabo e a reconfiguração completa de todos os ambientes como banheiros, área de serviços e cozinha. Com a apropriação de parte da área de serviços original e ampliação da suíte principal, os dois quartos restantes foram adequados para um home office e um ateliê de pintura.
A paleta de materiais teve como base a utilização do granilite, madeira e mármore. “O apartamento carregava consigo uma grande memória afetiva, tanto no mobiliário que testemunhou três gerações quanto nos acabamentos originais. Desde o piso de peroba rosa que foi retirado, restaurado e reinstalado, aos caixilhos em madeira que foram refeitos obedecendo ao desenho de Jurado, todos os detalhes do apartamento foram pensados para trazermos um conjunto que permitisse a união dos elementos existentes com itens mais contemporâneos”, contam os arquitetos.
Em paralelo à execução da obra, um trabalho de pesquisa e garimpo em antiquários buscou complementos para, por exemplo, as maçanetas originais de murano e para o restauro das luminárias pendentes de 1963. O desafio mais delicado, porém, foi nas peças de mobiliário Dinucci: com consultoria e apoio de um antiquariato parceiro, as peças foram renovadas e receberam novos tecidos.