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Tour arquitetônico pelo mundo: 10 arquitetos brasileiros sugerem destinos

Com olhar apurado, experts no assunto elencam cidades que encantam pela arquitetura e cultura

Por Nádia Simonelli
Atualizado em 26 fev 2024, 14h14 - Publicado em 26 fev 2024, 10h38

Viajar e conhecer novas culturas é a paixão de muitas pessoas, principalmente de quem também aprecia arquitetura. Prédios, casas e outras estruturas urbanas também contam histórias e representam o momento do período em que foram construídas. São como testemunhas do tempo que vai passando e ficam de herança para várias gerações. Pensando nisso, falamos com 10 arquitetos e escritórios de arquitetura brasileiros que elencaram seus destinos arquitetônicos preferidos pelo mundo. Aproveite para preparar o roteiro da sua próxima viagem! 

1. aflalo/ gasperini arquitetos – Lisboa, Portugal

Tour arquitetônico pelo mundo: 10 arquitetos brasileiros sugerem destinos
MAAT, em Lisboa, por Aflalo/ Gasperini Arquitetos (Francisco Nogueira/CASACOR)
  • Obra arquitetônica: MAAT, do escritório AL_A

Localizado às margens do rio Tejo, o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia é fascinante, pois integrou muito bem as linhas do design orgânico contemporâneo e uma releitura da tradicional cerâmica portuguesa nas fechadas.

  • Passeio: Bairro Cais do Sodré

Neste bairro é possível andar sem ter um destino definido. As ruas cercadas de construções tipicamente portuguesas revelam agradáveis surpresas durante o passeio.

  • Para comer: Alma

O restaurante Alma apresenta uma gastronomia contemporânea, com base nos pratos locais, destacando os frutos do mar.

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2. FGMF – Vicenza, Itália

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Basílica Palladiana, em Vicenza, por Fernando Forte, do FGMF (divulgação/CASACOR)

“Conhecemos Vicenza, a partir do Prêmio Internacional Dedalo Minosse de arquitetura, que ocorre anualmente na cidade, e ao chegar lá, tivemos uma agradável surpresa. Vicenza é uma cidade de história, cultura e artes na região do Veneto e onde nasceu um dos maiores arquitetos que já viveram, Andrea Palladio. A cidade, pequena e pitoresca, tem diversas obras renascentistas do arquiteto, entre elas, a Basilica Palladiana, o maravilhoso ancestral Teatro Olímpico e a famosíssima Villa Rotonda, obras construídas no século XVI e que tiveram gigantesco impacto na arquitetura mundial. Vicenza é uma cidade muito gostosa para se passear em meses mais amenos ou no verão, com pequenos restaurantes e bares, contrastando com a antiga história da cidade, além de ser próxima de diversas outras cidades interessantes como a própria Veneza. Estivemos, por acaso, durante o feriado de Corpus Christi, quando ocorre uma linda procissão pela cidade à luz de velas, um espetáculo muito interessante e pitoresco. Recomendamos passar cerca de dois dias por lá antes de seguir viagem pelo norte da Itália e visitar outras cidades como Verona, Pádua e outros locais cheios de história.” Por Fernando Forte, do FGMF

3. Gabriela Ikeda – Mendoza, Argentina

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Vinícola Catena Zapata, em Mvinícola Catena Zapataendoza, por Gabriela Ikeda (divulgação/CASACOR)

“Para uma viagem arquitetônica enriquecedora com outras vantagens, Mendoza é o destino ideal. Situada aos pés da majestosa Cordilheira dos Andes, na fronteira entre Argentina e Chile, a cidade combina, de forma única, vinho, gastronomia e arquitetura. A experiência gastronômica nas vinícolas de Mendoza tornou-se uma espécie de eno-Disney, com ótima estrutura para receber turistas. Em paralelo ao culto ao vinho, se desenvolveram templos arquitetônicos incríveis para celebrar a cultura local, em grande estilo. A mais famosa construção fica localizada na vinícola Catena Zapata, um projeto grandioso do arquiteto argentino Pablo Sánchez Elía, inspirado no templo maia de Tikal a pedido do proprietário/produtor de vinho Nicolás Catena. Apesar de majestoso, com forma de pirâmide imponente, o “templo” é minimalista, com linhas retas e poucos materiais. A pedra é o principal, tanto na fachada, quanto nos interiores, ajudando a manter a temperatura fria, necessária à conservação dos vinhos. No centro, escadas metálicas desalinhadas conectam os quatro andares em um vão livre. É possível subir até a cúpula de vidro, que se abre para o terraço, com linda vista para a Cordilheira dos Andes”. Por Gabriela Ikeda

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4. Fabiano Ravaglia – Lyon, França

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Convento La Tourette, em Lyon, por Fabiano Ravaglia (Fernando Schapochnik/ divulgação/CASACOR)

Lyon está localizada na parte central do leste do país e visitei após alguns dias em Genebra, cidade suíça bem na fronteira com a região, para visitar o festival de luzes Fête des Lumières, que transforma a cidade com diversas instalações luminosas pela cidade. Para além do festival já consagrado, a cidade é conhecida pela sua gastronomia de altíssima qualidade e seus marcos históricos e arquitetônicos, que faz dela uma Patrimônio Mundial pela UNESCO. A cidade, ao longo da história, sempre foi uma forte competidora com Paris diante do seu desenvolvimento e posição estratégica com o comércio da seda com a Itália no período do Renascimento e se manteve imponente como cidade industrial no sec. XIX. Atualmente, a cidade é um grande centro financeiro da França, com fortes indústrias química, farmacêutica, biotecnologia e softwares, o que proporciona os investimentos na arte, cultura, arquitetura e gastronomia”. Por Fabiano Ravaglia

Fabiano separou alguns marcos arquitetônicos da região:

• Antigo Teatro de Fourvière (Théâtre Antique de Lyon) de 17 a.C.
• O Centro Histórico, reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO, “testemunho excepcional da continuidade do assentamento urbano há mais de dois milênios em um local de grande importância comercial e estratégica”.
• Convento de La Tourette, próximo a Lyon, projetado por Le Corbusier e construído entre 1953 e 1960.
• A Ópera de Lyon, construída em 1831 e renovada por Jean Nouvel em 1993;
• Uma nova área na cidade, projetada para ser a cara moderna da cidade, contempla diversos empreendimentos de arquitetos renomados, que desenvolveram diversos tipos de usos para quarteirões inteiros como:
I. Le Monolithe / MVRDV
II. Ilot A3, Tour de Logements / Herzog & de Meuron
III. Ycone La Confluence Residential Tower / Ateliers Jean Nouvel
IV. Lyon Part-Dieu Urban Shopping Center / MVRDV
V. Musée des Confluences / Coop Himmelb(l)au
VI. The Orange Cube / Jakob + Macfarlane Architects
VII. Lyon Confluence / Jean-Paul Viguier et Associés
VIII. Congress Palace designed by Renzo Piano
IX. Estação de trem do aeroporto Saint-Exupéry por Santiago Calatrava
X. Canal de TV Euronews – Jakob + MacFarlane

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E deu uma dica de passeio extra:
• O complexo Firminy fica próximo a Lyon e é o maior projeto de Le Corbusier na Europa. Neste local, o arquiteto aplica os princípios da Modernidade no contexto de uma grande área urbana. O projeto Firminy consiste num conjunto de instalações em torno do edifício de habitação social de Firminy-Vert, e o último dos cinco Unites d’Habitatión desenhados pelo arquiteto. Pela primeira vez Le Corbusier realiza um conjunto de instalações públicas culturais e desportivas de elevada qualidade, numa villeverte, seguindo os princípios da Carta de Atenas emanada do Congresso Internacional de Arquitectura Moderna (1933).

5. Helena Camargo – Colombo, Sri Lanka

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Number 11, a casa do arquiteto Geoffrey Bawa, em Colombo, por Helena Camargo (Harry Crowder/ divulgação/CASACOR)

“Recomendo a cidade de Colombo, que é a capital do Sri Lanka, o principal centro financeiro. Fiquei hospedada na casa do Geoffrey Bawa, que é o arquiteto tropicalista modernista do país e quase ninguém conhece, mas ele é autor de obras maravilhosas espalhadas por todo o Sri Lanka. A casa dele, que é a Number Eleven, você pode alugar e dormir. E isso é uma experiência muito única, que eu já fiz e recomendo. Foi uma percepção totalmente diferente de ficar hospedada lá. O Geoffrey já faleceu e o lugar é cuidado pela Fundação. Além disso, o Sri Lanka é um país fascinante para visitar. Culturalmente, é muito parecido com a Índia, as religiões são parecidas, mas é mais organizado, mais calmo e a comida é uma delícia. Além da casa, o arquiteto Geoffrey Bawa também projetou o hotel Kandalama, que é o mais lindo que eu já fiquei hospedada, e fica no meio da mata”. Por Helena Camargo

6. Melina Romano – Copenhague, Dinamarca

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Frederiksstaden, Copenhague, por Melina Romano (divulgação/CASACOR)

Copenhague, capital dinamarquesa, é um enclave urbano que harmoniza tradição e modernidade. Seus canais, como o Nyhavn, revelam fachadas coloridas, enquanto Christianshavn mistura história e inovação. Destaques arquitetônicos incluem a Ópera e a imponente Torre Redonda. A cidade destaca-se pelo planejamento urbano eficiente, refletido nos sistemas de transporte público e áreas verdes, como os Jardins do Rei. A abordagem dinamarquesa à arquitetura, evidente no Centro de Arquitetura Dinamarquesa e em Frederiksstaden, alia funcionalidade e design inovador. Copenhague é um testemunho da evolução urbana e arquitetônica, combinando tradição e inovação em uma paisagem única, refletindo a estética e organização cuidadosa do espaço”. Por Melina Romano

7. Fernanda Marques – Tóquio, Japão

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Tóquio, por Fernanda Marques (Jezael Melgoza/ Unsplash/CASACOR)

Tóquio, uma megalópole dinâmica, tornou-se um playground arquitetônico que atrai profissionais e entusiastas. Suas paisagens urbanas contrastantes, desde arranha-céus ultramodernos até bairros preservados, oferecem um cenário diversificado para inspiração. A fusão única de tradição japonesa e inovação contemporânea cria um ambiente propício para arquitetos explorarem novas ideias e abordagens, transformando Tóquio em um destino enriquecedor para aqueles que buscam inspiração na vanguarda da arquitetura global”. Por Fernanda Marques

8. Marcelo Salum – Veneza, Itália

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Veneza, por Marcelo Salum (Damiano Baschiera/ Unsplash/CASACOR)

“No final do ano passado, fiquei uns quinze dias fazendo um curso em Veneza. O curso era, basicamente, sobre como a arquitetura se insere positivamente ou negativamente na nossa vida. Foi um curso bastante interessante com neurocientistas, antropólogos, psicólogos e arquitetos. E Veneza é uma cidade mágica, onde a gente não ouve barulho de carro. Então, por si só é muito encantadora nesse sentido. Revisitei lugares como o Palazzo Grimani, que tem uma sala deslumbrante, o Palazzo Fortuny, do Mariano Fortuny, que era um artista que fazia desde arquitetura até moda e pintura. Esse palazzo permanece mais ou menos nos moldes como ele viveu. E todas as igrejas maravilhosas, além das próprias ruas de Veneza. Para mim, a Basílica Santa Maria Gloriosa é uma das igrejas mais bonitas que eu já fui, no sentido até de energia. Também vale uma visita à Veneza com foco nas obras do Carlos Scarpa, um cara genial que me lembrou muito Frank Lloyd Wright”. Por Marcelo Salum

9. Guilherme Torres – Barcelona, Espanha

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Torre de Comunicações de Montjuïc, em Barcelona, por Guilherme Torres (divulgação/CASACOR)

“De Gaudí, com sua genialidade extravagante refletida na Sagrada Família e no Parque Güell, à elegância minimalista de Mies van der Rohe no Pavilhão Alemão, a cidade é um tesouro de contrastes arquitetônicos. As obras de Calatrava, como a Torre de Comunicações de Montjuïc, adicionam uma dimensão futurística e dinâmica à paisagem urbana, transformando Barcelona em um destino imperdível para os amantes da arquitetura”. Por Guilherme Torres

10. Maíra Duarte – Graz, Áustria

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Museu Kunsthaus Graz, em Graz, por Maíra Duarte (Eduardo Martinez/ divulgação/CASACOR)

Graz, segunda maior cidade da Áustria, oferece uma experiência que mescla história, cultura e arquitetura de forma harmoniosa. Fundada no século XII, a cidade floresceu como um importante centro cultural e comercial ao longo dos séculos e por isso conta com uma arquitetura diversificada, que abrange desde castelos medievais até construções contemporâneas. Um dos pontos de referência mais emblemáticos de Graz é o Schlossberg, uma colina que abriga as ruínas de um antigo castelo e oferece vistas deslumbrantes da cidade. No coração de Graz, a Altstadt (Cidade Velha) é um labirinto encantador de ruas de paralelepípedos e praças pitorescas. Aqui, a arquitetura barroca e renascentista se destaca, com edifícios imponentes como a Catedral de Graz e a Prefeitura, que capturam a essência da grandeza histórica da cidade. Vale destacar que o centro histórico de Graz é tombado como um Patrimônio Cultural da humanidade pela UNESCO, e ainda foi eleita como Capital Europeia da Cultura em 2003. Contudo, Graz não é apenas uma cidade presa ao passado; é também um centro pulsante de inovação e design contemporâneo. O museu de arte moderna Kunsthaus Graz, criado pelos arquitetos Peter Cook e Colin Fournier, também conhecido como “Friendly Alien” devido à sua arquitetura única, é um exemplo impressionante”. Por Maíra Duarte

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