Trend Talks: O design da experiência está em alta!
A conscientização sobre os excessos e a preocupação com o meio-ambiente estariam entre as razões para as pessoas frearem o consumo e voltarem o olhar para as sensações
REVOLUÇÃO DA EXPERIÊNCIA (DESIGN DA EXPERIÊNCIA)
No começo deste ano, Steve Howard, gerente de sustentabilidade da IKEA (uma das maiores empresas de decoração do mundo), afirmou que os consumidores ocidentais já atingiram seus limites de consumo de produtos. A conscientização sobre os excessos e a preocupação com o meio-ambiente estariam entre as razões para as pessoas frearem o consumo.
Além disso, a nova geração prefere gastar seu dinheiro com experiências e não bens concretos. Segundo um estudo realizado nos EUA pela plataforma online de gerenciamento de eventos Eventbrite, os indivíduos nascidos de 1980 a 1996 acreditam que a felicidade não está concentrada em bens materiais ou em status na vida profissional, mas sim em criar, compartilhar e capturar memórias adquiridas por experiências. “Isso faz todo o sentido, pois estudos estão provando que as experiências contribuem mais para uma vida feliz do que os bens materiais”, diz a especialista em tendências Anne Lise Kjaer.
Entre os pesquisadores que mergulharam nesse campo, o professor de psicologia da Universidade de Cornell, Thomas Gilovich concluiu, em 20 anos de pesquisa, que a felicidade proporcionada pelos objetos acaba rapidamente, enquanto as experiências se tornam parte de nossa identidade. Tudo o que vimos, o que fizemos e os lugares por onde passamos nos tornam quem somos. Mas os bens materiais não. “Você pode até gostar das suas coisas. Pode até achar que parte da sua identidade está ligada a elas, mas elas continuam separadas de você. Por outro lado, as experiências são parte de você”, diz Thomas em artigo do jornal Huffington Post.
Por isso, não soa estranho que a maioria dos jovens hoje prefira investir em viagens, shows, passeios e experiências gastronômicas. “Isso reflete nas marcas, que agora já não reconhecidas apenas pelos produtos. Elas têm que se reinventar, agregando tecnologia, investindo na colaboração entre as pessoas, na economia circular e na sustentabilidade”, acrescenta Anne Lise.
A IKEA, por exemplo, vai iniciar agora um departamento de conserto e reciclagem de seus próprios produtos. E a experiência também envolve questões sensoriais: “estamos tão cansados de excessos que quando relaxamos queremos alimentar nossos sentidos com comida maravilhosa e objetos que falem aos nossos sentidos do toque, do olfato da escuta e da visão. Por isso o design da experiência está em alta: tudo que ser projetado tendo em mente o deleite sensorial. Já que as pessoas querem gastar menos com produtos e mais com experiências, quando elas compram algo, tem que ser algo maravilhoso”, explica a especialista em tendências Lisa White.
A coleção de vasos “Era uma vez” do designer Guto Requena, por exemplo, é um exemplo de produto que une tecnologia, memória afetiva e artesanato: as formas dos vasos de vidro foram projetadas segundo as curvas bidimensionais produzidas em computador pelas emoções transmitidas na voz de sua avó quando conta histórias. O desenho resultante virou vasos artesanais moldados pelas mãos de artistas vidreiros.
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