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A colorida e monárquica arquitetura de Ryan Murphy

A série Ratched, mais recente projeto do produtor e roteirista, impressiona pelos cenários de época, fotografia marcante e direção de arte meticulosa

Por Ana Carolina Harada
1 out 2020, 14h52
(Divulgação/CASACOR)

Ryan Murphy é uma das mais proeminentes figuras criativas em Hollywood hoje. O lançamento de seu mais recente projeto em setembro, a série Ratched (em atua como produtor executivo e desenvolvedor), foi um sucesso internacional, conquistando o primeiro lugar das “mais assistidas” na plataforma Netflix em vários países, inclusive o Brasil. Murphy – vencedor de 5 prêmios Globo de Ouro e 7 Emmys – assinou produções muito conhecidas pelos maratonistas televisivos, dentre elas estão Nip Tuck, American Horror Story, Glee e The Politician. Ele também roteirizou e dirigiu o longa “Comer, Rezar e Amar”, estrelado por Julia Roberts e produzido por ninguém menos que Brad Pitt.

(Divulgação/CASACOR)

A direção de arte das produções de Murphy são especialmente marcantes, sobretudo em suas três últimas séries, The Politician, Hollywood e Ratched. Todas elas contam com locações luxuosas, cenários elaborados com riqueza de detalhes e paletas de cores vibrantes. Da mesma forma que outros mestres, como Wes Anderson por exemplo, Ryan Murphy conseguiu desenvolver uma estética particular que é imediatamente associada à seu nome.

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(Divulgação/CASACOR)

Os visuais exuberantes são valorizados pela variedade de ângulos de câmeras. Takes abertos, fechados, inclinados e distorcidos permitem que o espectador possa apreciar cada centímetro do espaço. Nas séries, os prédios, mobiliário, figurino, cores e objetos decorativos são tão impactantes que se transformam em personagens.

Ratched, uma série arquitetônica

(SAEED ADYANI/CASACOR)

Inspirada pela personagem da enfermeira vilã do livro “Um Estranho no Ninho”, a protagonista que nomeia a série, é uma mulher misteriosa, determinada a trabalhar em uma clínica psiquiátrica dos anos 1940. Mildred Ratched – interpretada de forma brilhante por Sarah Paulson – cria uma teia de influências sombrias, cheia de dramas, perversidade e assassinatos.

(Divulgação/CASACOR)

Seguindo a linha de abordagem de Murphy, a trama explora questões acerca de sexualidade, machismo e a parte vil da natureza humana. Toda essa subjetividade é trabalhada nas cores e luzes, as quais receberam bastante destaque. Em momentos cruciais da história, blocos monocromáticos fornecem um insight da psique das personagens, sem a necessidade de diálogo em off.

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Glamour vintage

(Divulgação/CASACOR)

Por se tratar de um projeto de época, os figurinos são particularmente elaborados. Vestidos, tailleurs, ternos e até os uniformes de hospital possuem os belos cortes e caimentos que só a alfaiataria é capaz de oferecer.

(SAEED ADYANI/CASACOR)

Nesta encarnação, o hospital psiquiátrico é muito diferente da versão cinematográfica de 1976, estrelando Jack Nicholson. Ao invés de sombrio e desolado, o Hospital Santa Lucia parece mais um hotel de luxo, com suas paredes coloridas, poltronas de veludo e cortinas volumosas. Na verdade, a designer de produção, Judy Becker, baseou-se nos hotéis californianos chiques e nos trabalhos da lendária Dorothy Draper para desenhar os sets.

(Divulgação/CASACOR)

O objetivo de Murphy era que a atmosfera aprazível e bela fizesse contraste com os horrores que se passam no local. As tomadas externas foram gravadas na mansão do King Gillette Ranch, em Malibu Creek, um complexo projetado pelo arquiteto Wallace Neff no final dos anos 1920. Os internos, como quartos e salas, foram filmados nos estúdios da FOX.

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(SAEED ADYANI/CASACOR)

Muito do mobiliário, inclusive os sofás, luminárias e arandelas foram feitas para a série. Essas últimas, incluem uma luz para cima para que os rostos dos atores possam ser iluminados de forma mais assustadora, dependendo da cena.

(Divulgação/CASACOR)

Uma outra locação de tirar o fôlego é a casa da personagem de Sharon Stone, a socialite vingativa Lenore Osgood. Coberta de detalhes, a mansão foi decorada com inspirações orientais e exóticas. O estilo exagerado vem da visão levemente estereotípica da Ásia, com uma boa dose de exotismo e ktsch. Na residência, estão todos os clichês como bonsais, sedas, estampas, santuários e jardins. Lenore aparece quase sempre vestindo robes coloridos e acompanhada de um macaquinho de estimação.

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