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Airbnb se une a comunidade local para erguer hospedagem em cidade japonesa

Assinado por Go Hasegawa, projeto faz parte de iniciativa do Airbnb de valorizar a cultura e mão de obra local

Por Nádia Sayuri Kaku
Atualizado em 25 mar 2021, 17h59 - Publicado em 26 abr 2018, 14h01
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(Reprodução/Airbnb/CASACOR)

A cidade japonesa de Yoshino fica entre as montanhas da província de Nara e é famosa pela floração de suas cerejeiras. Em 2004, foi reconhecida como patrimônio cultural da Unesco e, desde 2016, é a sede de uma iniciativa pioneira: a Yoshino Cedar House. A “Casa de cedro de Yoshino” (em tradução livre) explora como a arquitetura, a cultura e o compartilhar podem ajudar na revitalização de comunidades rurais. A construção, um híbrido de espaço comunitário e hospedagem, começou como uma colaboração entre o co-fundador do Airbnb Joe Gebbia, o arquiteto japonês Go Hasegawa e a comunidade local. Hoje, faz parte do recém-criado Núcleo de Turismo Responsável do Airbnb e é administrado por 31 membros de uma cooperativa da região.

O design

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O arquiteto Go Hasegawa escolheu a madeira de cedro das florestas dos arredores da cidade e a usou como material principal tanto dos ambientes internos quanto externos da Cedar House. “As árvores foram identificadas pelos guardiões da floresta, derrubadas pelos lenhadores locais e os tradicionais mestres artesãos da cidade construíram a casa – durante o processo, muitas mãos tocaram o edifício e a herança e a estética de Yoshino foram tecidas em sua arquitetura”, explica Hasegawa no site oficial do empreendimento.

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Embora tenha o cedro como protagonista, a construção também conta com 28 tipos de madeira: o destaque fica por conta dos dois quartos da parte superior, que podem ser alugados e são revestidos por hinoki, uma espécie de cipreste japonesa. Os dormitórios em estilo oriental contam com futons, abrigam até sete hóspedes e cada qual foi projetado com uma vista distinta: o quarto do nascer do sol é voltado para o leste; o do pôr-do-sol, para o oeste.

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Na parte de baixo, o layout é baseado no antigo conceito japonês denomidado “engawa”, que consiste em uma faixa pavimentada de madeira que ressalta da face das paredes constituídas por portas corrediças. É um espaço de transição, que pode ser considerado tanto como uma extensão da parte interna da casa como externa. No Brasil, seria o equivalente à varanda. Essa divisão também marca o público e o privado da casa, já que o primeiro andar está todo aberto à comunidade e abriga uma mesa extensa coletiva de refeições, cenário para as reuniões da vizinhança e de onde é possível ter uma bela vista do rio Yoshino.

O negócio

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Segundo o Airbnb, a casa foi apresentada pela primeira vez no evento House Vision, que aconteceu em Tóquio em 2016. Depois de adquiridas as licenças comerciais e para funcionar como restaurante, foi instalada nas margens do rio Yoshino e teve sua primeira reserva feita no dia 7 de abril de 2017. Durante o primeiro ano de funcionamento, 346 pessoas de todo o mundo se hospedaram na Cedar House, entre elas os arquitetos do escritório espanhol RCR, nadadores olímpicos australianos e um grande número de músicos e artistas locais. A hospedagem funciona de quarta a domingo e tem uma média de ocupação de 70%. As diárias custam a partir de R$ 328.

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Durante a instalação, os próprios moradores da cidade decidiram que a administração do negócio seria coletiva. Uma cooperativa foi formada e hoje ela possui 31 membros, entre residentes locais e estudantes interessados em interagir com estrangeiros – se você reservar um quarto ali, um morador da cidade irá recepcioná-lo em sua chegada e irá auxiliá-lo durante sua estadia, inclusive com traduções. Segundo o Airbnb, em 12 meses, o negócio arrecadou cerca de 25 mil dólares, quantia que foi repartida entre a cooperativa local e investida na própria comunidade. Além disso, 70 novos empregos foram gerados em decorrência do projeto. O sucesso da empreitada inspirou os habitantes locais a investir na locação de suas próprias casas – em 2015, havia somente quatro casas da região listadas no Airbnb. Hoje, são 15.

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Toda essa força coletiva se fez presente em outubro de 2017, quando a cidade foi atingida por um tufão e o rio Yoshino subiu seu nível em mais de 5 m, o que fez com que a água invadisse o andar térreo da Cedar House. Em horas, a cooperativa local, oficiais da cidade e membros da comunidade se uniram para limpar e fazer reparos, o que resultou em poucos estragos e nenhum dano elétrico ou hidráulico. As atividades voltaram ao normal em poucos dias.

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