(André Nazareth / CASACOR)
Corriam os primeiros anos do século XX quando o francês
Joseph Gire chegou ao Rio. Renomado arquiteto internacional, sócio de um grande escritório na França, foi trazido ao país por
Octavio Guinle. Uma parceria que mudou, para sempre, a paisagem carioca com a construção de palacetes admirados até hoje. São obra da dupla o Copacabana Palace, o Hotel Glória, o Palácio Laranjeiras, o edifício Praia do Flamengo. Imóveis que fizeram a cidade se voltar para o mar – algo tão carioca e que hoje nos parece tão natural. Mas Gire fez muito mais. Além dos palacetes que carregam, ainda hoje, o glamour da Belle Époque tropical, foi um dos arquitetos responsáveis pelo início da verticalização da cidade, em especial nas orlas de Copacabana e Flamengo. Foi também um dos primeiros a projetar edifícios num estilo que começava a surgir na Europa: o art-déco.
(André Nazareth / CASACOR)
É obra sua o projeto do edifício A Noite, aqui ao lado esquerdo, no número 7 da Praça Mauá. Considerado por duas décadas o maior arranha-céu da América Latina, o prédio construído entre 1928 e 1930 é reconhecido por sua importância cultural já que abrigou a Rádio Nacional e foi palco de praticamente toda a cena musical brasileira da primeira metade do século passado. Mas sua importância arquitetônica é, talvez, ainda maior. Com 23 andares, foi um dos primeiros a usar concreto armado. Algo tão inovador que, à época, foi considerado uma grande vitória da construção civil. Não à toa, o edifício que tem os traços bem marcantes do art-déco, foi por décadas uma das grandes atrações da cidade. Pouco antes, contudo, Gire já tinha flertado com o estilo. Ao projetar o que viria a ser esta estação de desembarque de passageiros do cais do porto, o arquiteto francês criou um edifício em estilo eclético classicizante, mas com diversos elementos do art-déco. Basta olhar para a bela Torre do Relógio ou para os inúmeros vitrais criados pelo italiano César Formenti – considerado um dos maiores vitralistas do país.
(André Nazareth / CASACOR)
Inaugurado em outubro de 1928, o terminal abrigou pavilhão de acesso, bilheteria e o armazém de bagagens com três pavimentos. A partir de janeiro de 1929, passou a contar também com um bureau do Touring Clube, o que acabou por nomear o edifício. Até a década de 1940, foi esse prédio que recebeu os viajantes que chegavam ao Rio. Fossem estadistas, artistas, imigrantes, trabalhadores, todos passaram por aqui. Os mais ricos tinham à disposição uma jardineira que atravessava a cidade na grande avenida à beira mar que ligava o Centro a Copacabana (e ao Copacabana Palace). Escondido desde a década de 1950 pela Perimetral, o edifício Touring pôde voltar a ser apreciado com a renovação da Praça Mauá. E, agora, recuperado pela Companhia Docas – atual administradora -, com supervisão do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, tem suas portas novamente abertas a cariocas e turistas pela 29ª. edição da
CASACOR Rio, evento que valoriza ainda mais sua relação com a Baía de Guanabara ao implantar boa parte de seus 44 ambientes voltados para o mar. Gire certamente aprovaria!
CASACOR Rio de Janeiro 2019 De 20 de agosto a 29 de setembro de 2019 De terça a sábado (inclusive feriados), das 12h às 21h; domingo, das 12h às 20h.
Onde? Rua Rodrigues Alves, 10 – Praça Mauá – Rio de Janeiro – RJ
Quanto? De terça a sexta-feira: ingresso inteiro: R$ 50; Meia entrada: R$ 25 Sábados, domingos e feriados: ingresso inteiro: R$ 60; meia entrada: R$ 30 Passaporte: R$ 160 Crianças até 10 anos não pagam. Idosos acima de 60 anos e estudantes com carteira oficial pagam meia entrada. Ingressos disponíveis em:
casacorrj.byinti.com/