Sistemas de construção industrializados aliam precisão, ganhos significativos de tempo e benefícios ainda maiores para o meio ambiente
Atualizado em 18 fev 2020, 07:50 - Publicado em 24 mai 2018, 17:12
SysHaus - Arthur Casas Studio(Filippo Bamberghi/)
Algumas inovações da CASACOR São Paulo 2018 não se revelam ao primeiro olhar, mas representam uma evolução técnica. Na “Casa Viva”, é essencial minimizar os impactos ambientais das obras. O desejo de sustentabilidade incentivou o uso de sistemas de construção industrializados.
É a vez das estruturas modulares resistentes e planejadas, montadas com agilidade e sem desperdiçar recursos naturais, principalmente água. Sem canteiros de obras ou tijolos. “A construção civil gera de 40 a 60% do lixo urbano. Em uma obra convencional, a perda de materiais pode atingir 50%”, revela William Konishi, sócio-gerente da Inovatech Engenharia, responsável pela consultoria em sustentabilidade da mostra paulista até 2020. É com esse olhar que os profissionais repensam a forma de projetar.
Arthur Casas e Renata Tilli desenvolvem há dois anos a SysHaus. "A casa é pensada como um sistema e um produto de design, mais que de arquitetura", explia Arthur. Com 200 m², a estrutura de pilares, vigas e parafusos em aço dispensa de fundações à concretagem. Tudo é encaixado, do piso ao forro. Cerca de 90% dos componentes vêm da fábrica sob medida. "É uma obra limpa, com consumo de água praticamente zero", ressalta.
O sistema Syshaus, lançado na CASACOR São Paulo 2018, é brasileiro e permite edificações de até três pavimentos. "A inteligência de processo leva ao aproveitamento integral dos materiais em todas as fases. Uma casa em harmonia com nosso tempo", define Ivo dos Santos, diretor da Sysbuilding. Falando em tempo, uma obra semelhante levaria um ano e meio para ser concluída; a de Arthur Casas, 28 dias. "O que mais entusiasma é a economia de algo tão precioso hoje, como o tempo. É uma revolução na forma de pensar a residência", completa o arquiteto.
Jóia Bergamo é outra profissional atenta ao impacto ambiental das construções. Na Casa do Escritor, empregou o steel frame, sistema estrutural em aço galvanizado. “Ele emite cinco vezes menos CO2 em relação a materiais tradicionais. Clientes e mercado percebem que inovação e sustentabilidade valorizam o projeto”, afirma. Além da nova sensibilidade, as construções secas implicam em outras exigências aos profissionais e ao mercado. "O planejamento é um desafio, mas é fundamental para a sustentabilidade do projeto e da obra. Ele permite prever a fabricação dos componentes”, lembra Konishi.
Nem sempre o caminho é o mais fácil, mas é uma questão de valores. “Além de integrar técnicas de marcenaria, engenharia e arquitetura, busquei conectar empresas que respeitam a natureza e a cadeia produtiva”, ressalta José Marton, que projetou a Loja CASACOR Duratex por Armazém do Marton.
“É preciso repensar a relação com a natureza e considerar novas soluções que aliem sustentabilidade e praticidade”, acrescenta Edson Lorenzzo, autor do Lounge de Entrada.
“Os processos de criação e construção demandam inovações com o passar do tempo”, completam Thiago Manarelli e Ana Paula Guimarães, que construíram, do zero, a Cabana com steel frame. “Cumprimos prazos exigentes, sem abrir mão da qualidade da obra e de um processo limpo", destaca a dupla.
Nildo José tinha diante de si um espaço tombado e topou o desafio de pensar diferente. O Loft Ninho inclui até um mezanino de steel frame e placas de drywall (sistema de vedação não-estrutural com gesso acartonado e sustentação em aço galvanizado) com 1,5 cm de espessura. “Com fita dupla, fixamos revestimentos. É preciso ver além do ciclo convencional de construção e apresentação em uma mostra”, diz. Edson Lorenzzo também usou a estrutura metálica em nome da preservação de elementos originais. Com 250 m² e pé direito de 4 m de altura, o projeto foi concluído em 15 dias. “A estrutura se eleva sobre o piso de mosaico português, e as placas cimentícias são parafusadas e reaproveitáveis. Resíduos da escavação foram ensacados. Ao fim da mostra, tudo volta para o lugar”.
“Não há uma regra única para definir um projeto sustentável. Aqui, uma das prioridades é ser facilmente desmontável para reduzir desperdícios. Pensar em desconstrução é uma mudança cultural”, afirma William Konishi. "O pensamento de como reutilizar os materiais está presente desde o início. Faz parte do meu compromisso e dos meus valores. Poderia reaproveitar esta estrutura em 10 ou 20 edições de CASACOR", afirma José Marton.
Outras alternativas para as construções - e desconstruções - ganham relevância e urgência. Com o olhar mais crítico e ético dos profissionais, é provável que os canteiros de obra não voltem a ser como antes. Está lançado o desafio!
SERVIÇO CASACOR SÃO PAULO 2018 QUANDO? De 22 de maio e 29 de julho Terça a sábado, das 12h às 21h