Cerâmicas, cestarias, bordados e marcenarias de povos indígenas e mulheres artesãs marcam o mobiliário da CASACOR São Paulo 2024
Atualizado em 21 jun 2024, 11:37 - Publicado em 21 jun 2024, 08:00
Gabriel Fernandes - Casa Veredas Simonetto. Projeto da CASACOR São Paulo 2024.(MCA Estúdio/)
Os bancos esculpidos em madeira pelo artista Kulykirda Stive Mehinaku para a Praça Tekohá, projeto de Luciano Zanardo, representam a história do povo Mehinaku, situado no território indígena do Xingu no Mato Grosso. Na sua estreia em CASACOR, o mobiliário produzido por Kulykirda configura a forma de animais nativos do Xingu e corresponde a mais de 15 peças do ambiente.
Segundo Kulykirda, os bancos são os assentos da comunidade indígena do Xingu, e cada um deles possui um significado diferente: “Tem banco pajé, que é quadrado, tem banco cacique, que é gavião, urubu rei e duas cabeças”. Para a confecção dos bancos, foi utilizado o grafismo corporal dos povos Mehinaku.O artista seguiu o caminho da família, que produz arte há muitas gerações, mas foi apenas com Kulykirda que a tradição artística da comunidade recebeu ampla visibilidade. “Na época do meu pai e meus avós, as nossas peças não tinham visibilidade nem valorização. Eu fico muito feliz por estar conseguindo reconhecimento dos meus trabalhos e da cultura milenar do meu povo Mehinaku e, futuramente, os nossos filhos vão seguir mantendo essa cultura”, afirma.
A arte indígena também é protagonista da Casa Urucum, projeto da SALA2 Arquitetura. Ao resgatar o artesanato de uma cultura pré-colombiana, as cerâmicas dos povos Marajoaras adicionam uma dimensão cultural e histórica no espaço, descreve Vanessa Martins, arquiteta do ambiente.Na Casa Veredas Simonetto, projeto de Gabriel Fernandes, a ancestralidade está representada nos 2.500 nichos preenchidos com tijolos produzidos artesanalmente pela comunidade Maria do Barro. Segundo o arquiteto, o artesanato homenageia a casa caipira brasileira e a origem das peças potencializa ainda mais o significado do espaço.
As artesãs do Instituto Maria do Barro são as criadoras da complexa estrutura do ambiente de Gabriel. A comunidade é composta por mulheres que viviam em situação de vulnerabilidade e, atualmente, garantem toda a sua renda delas por meio do trabalho com o barro.