Sob o tema Corpo & Morada, a CASACOR Pernambuco apresenta, na sua 26ª edição, a aplicação dessa temática nos projetos de ambientes dos escritórios de arquitetura e também nos itens a serem vendidos na sua loja especial. Este ano, a mostra traz a um loja de design – um novo conceito de loja com venda de produtos exclusivos, criados e personalizados para a ocasião, através da parceria da mostra com marcas locais.
(Alison Matias / CASACOR)
Alguns projetos sociais foram convidados a participar, entre eles o
Ressignicarte, projeto que acolhe e profissionaliza mulheres apenadas na Penitenciária de Abreu e Lima. Elas produzem
bandejas, tábuas, boleiras, porta talheres e peças decorativas feitas em pedra. Outra parceria é com a marca de cerâmica recifense
O Studio Faz, que desenvolveu uma linha exclusiva de
xícaras, prato para risoto, petisqueiras, travessas e bowls, de tamanhos e cores variadas, para ser comercializada exclusivamente na loja
CASACOR, durante o período da mostra. A recifense
Azulerde também estará presente com a coleção
Arquipelágo -
uma série de objetos de decoração, que trazem em sua composição,
madeiras residuais coletadas na edição da CASACOR Pernambuco de 2022. Na loja também será possível adquirir os guardanapos da Nulinho, peças feitas com linho português.
(Alison Matias / CASACOR)
Além de agregar e trazer para junto iniciativas tão inspiradoras, a
CASACOR Pernambuco se juntou à Refazenda e à Casa Zero para desenvolver um projeto próprio que pudesse trazer um impacto social relevante. “Quando a gente idealizou uma loja da própria CASACOR já tínhamos claro que teríamos que comercializar ali itens especiais, que tivessem um diferencial. Foi assim que chegamos ao formato do
Entrellaços, formatado e realizado graças a essa parceria com a
Casa Zero e com a Refazenda”, conta Gabriela Coutinho, uma das diretoras da CASACOR Pernambuco. A iniciativa conjunta deu origem a um curso intensivo de qualificação do trabalho de costureiras, moradoras de comunidades como
Entra Apulso, Pilar, Guabiraba e Mangueira. Ao mesmo tempo em que recebiam as aulas, essas mulheres também eram pagas para confeccionar peças a serem comercializadas durante a 26ª edição do evento, como capas de almofada, cangas, lenços, echarpes, jogos americanos, passadeiras e ecobags. Esses produtos ainda trazem estampas especiais de talentosos autores. “Após a definição da estrutura do projeto, caímos em campo em busca de artistas que topassem participar da empreitada junto com a gente. Estamos muito felizes em ter
Jade Marangolo e Derlon fazendo as estampas, eles fizeram um trabalho lindo! Agora as costureiras estão produzindo as peças também de maneira primorosa”, afirma Gabriela.
Artista plástica de São Paulo,
Jade Marangolo já fez estampas para marcas como
Louis Vuitton, Chanel, Farm, Renner e Psicotrópica. Essa, no entanto, é a primeira vez que participa de um
collab a partir de um
projeto de cunho social. "Foi superbacana participar de uma ação com uma responsabilidade social envolvida, que inclui não só artistas, tem as costureiras e elas podem ter uma continuidade desse trabalho, que é importante e está por trás das peças", afirma Jade, que assina, no projeto, três estampas de cores vibrantes e vinculadas à cultura brasileira.
"A estampa foi criada a partir de obras minhas. Selecionamos alguns trabalhos meus, fizemos uma curadoria de uma linha dentro do repertório da minha obra, o que melhor conversaria para criarmos as estampas, e, a partir disso, começamos a fazer os estudos, para toda a equipe aprovar. E aí funcionou super bem",
conta Derlon, acrescentando que recebe muitos pedidos de estampas, mas aceita pouquíssimos, como esse projeto. "Como não é minha área de trabalho, a minha área é a arte visual. Quando eu entro nesse outro ramo, eu procuro selecionar bem as pessoas com quem eu vou trabalhar", revela.
Responsável pelo Impacto Social na Casa Zero, Taciana Soares conceitua a proposta da iniciativa: "Nosso objetivo é aprimorar o trabalho das costureiras, elevando a qualidade e proporcionando um maior valor agregado. Desejamos, também, fortalecer a autoconfiança dessas mulheres, potencializando suas habilidades e crenças. Acreditamos que essa parceria é apenas o começo de inúmeras outras que construiremos juntos."
(Alison Matias / CASACOR)
A parceria também é vista com entusiasmo pela empresária e estilista
Magna Coeli, proprietária da
Refazenda, marca de roupas pernambucana que atua no mercado há 33 anos. "A
Refazenda já faz um trabalho de inclusão e tem isso na nossa rotina. A gente viu a oportunidade de estender a expertise com a estamparia, com artistas plásticos e com costureiras em comunidades, para um evento como a
CASACOR Pernambuco, estendendo essa expertise para a área de decoração. Numa conversa com Gabi (Coutinho) e Isabela (Coutinho), a gente viu que podia ampliar essa experiência e fazer um triângulo amoroso com a Casa Zero, que tem expertise de inclusão e impacto positivo", detalha. O resultado da iniciativa oferece também uma oportunidade do mercado reconhecer a qualificação dessas costureiras. "Elas não saíram do zero. São muito boas e vão ser reconhecidas pelo nome no produto que elas fizeram", aponta Magna. "Esse vai ser um produto assinado por artistas plásticos e cada um vai ter uma etiqueta da pessoa que fez, para ela se sentir empoderada e participar do processo todo, inclusive do valor do produto; e saber o quanto é importante o trabalho dela para dignificar uma simples almofada, um jogo americano", destaca a estilista. Além do aprimoramento e da valorização do trabalho das costureiras, o impacto social obtido com essa iniciativa também reverbera positivamente na Casa Zero.
Parte do valor arrecadado com as vendas das peças será destinado à organização, para que seja reinvestido em novos programas também de impacto social, como outros cursos de qualificação profissional para contribuir com a geração de renda de comunidades que ainda não foram contempladas. Moradora do Pilar e participante de cursos da Casa Zero,
Paula Rejane de Farias elogia a ação conjunta das três organizações. "Já fiz três cursos na Casa Zero. Foram parcerias gratificantes, que eu pude ter também como aprendizado para a minha vida, além de aprimorar meus conhecimentos; melhorando técnicas que, ou eu não tinha ou não sabia bem, não desenvolvia bem. E com essa parceria entre a
Refazenda, Casa Zero e a CASACOR foi uma oportunidade que eu tive de, por exemplo, conhecer e mexer em máquinas industriais. Então, pela primeira vez eu utilizei. E saí de lá sabendo usar uma máquina industrial. Tudo isso é um aprendizado que posso levar para o futuro", avalia Paula. A costura entre a Casa Zero,
Refazenda e CASACOR Pernambuco é um dos destaques da mostra este ano. Temos certeza que o projeto não termina aqui. Ele seguirá adiante e dará ainda mais resultados positivos”, finaliza Gabriela Coutinho.