A artista, designer, pesquisadora e fundadora da Yankatu,
Maria Fernanda Paes de Barros, participa da edicão 2022 da
SP-Arte, Festival Internacional de Arte de São Paulo, que acontece na Bienal no Parque Ibirapuera até domingo, 10 de abril. Suas peças integram o acervo da
Galeria D.Propósito com a proposta de resumir de forma poética a tradição ancestral brasileira. As três peças de Maria Fernanda foram criadas após uma longa e bonita jornada em meio a
povos tradicionais do país: a
aldeia Kaupüna, da etnia Mehinaku, no Alto Xingu, sul da Floresta Amazônica; e a
aldeia Mãe Barra Velha, da etnia Pataxó, em Porto Seguro, na Bahia. No Alto Xingu, Maria Fernanda desenvolveu a Coleção Xingu, da qual fazem parte o
Armário Oca e o
Bufê Abrigo; já na aldeia Mãe Barra Velha, veio a inspiração para a criação do
pendente Halo, que faz parte da coleção Filhos da Terra.
Entre as três peças, a única inédita é o pendente Halo, feito com estrutura em
peroba de demolição e
flores de penas brancas de galinha, feitas pela artista
Txahamehé Pataxó, que remete às tiaras das mulheres da aldeia da etnia Pataxó. "Foi lá, sentada sob o céu estrelado que assisti pela primeira vez um ritual de homenagem e agradecimento à lua. Cantos acompanhados por passos ritmados ao redor da fogueira, corpos com o brilho avermelhado do fogo, cocares e tiaras feitos com penas se destacam e naqueles instantes conectam Céu e Terra", comenta. "Assim nasceu o pendente Halo, buscando
transmitir toda a magia daquele momento".
O
armário Oca e o
Bufê Abrigo fazem parte da Coleção Xingu e foram lançados em 2020 e 2021 respectivamente mas, por conta do isolamento social imposto pela pandemia, nunca foram expostos. Por isso é a oportunidade dos visitantes conhecerem de perto.
“A ideia inicial era levar para a aldeia cilindros de madeira para propor às mulheres substituirmos os talos de buriti e, juntas, tecermos uma nova esteira. Mas a pandemia chegou e foi impossível retornar. Resolvi, então, propor uma
nova abordagem com o auxílio do meu amigo Kulikyrda “Stive” Mehinaku. Ele conversou com as mulheres que concordaram em me ensinar a
tecer uma esteira por meio de aulas em vídeo”, conta a artista. Dessa forma, o Bufê Abrigo apresenta a
tradição sob uma nova perspectiva. “A oca é lugar de abrigo e proteção. É nela que famílias inteiras vivem, protegidas do sol intenso e dos animais do bioma onde estão inseridas. Suas
formas arredondadas são conseguidas utilizando-se troncos de pindaíba, finos, compridos e flexíveis, amarrados com casca de embira”, explica Maria Fernanda. É daí que vem o nome do móvel, cujas
portas abrem e fecham como abraços que acolhem e protegem".
Serviço SP-Arte
Data: De 06 a 10 de abril
Local: Prédio da Bienal do Parque Ibirapuera