O uso de
cores vibrantes no design de interiores se tornou uma tendência, especialmente entre aqueles que não tem medo de ousar e querem levar muita personalidade para o projeto. A
CASACOR é prova disso. Na contramão do movimento minimalista que vimos alguns anos atrás, as últimas edições contaram com projetos de especialistas que apostam nas
cores como um recurso para trazer
vida e
alegria para seus espaços.
Marcelo Salum, arquiteto especialista em interiores e parte do elenco
CASACOR São Paulo, é um mestre quando o assunto é
misturar e
combinar cores distintas, e em entrevista exclusiva para a
CASACOR, deixou algumas
dicas práticas para quem quer seguir essa tendência.
CASACOR: Como você escolhe as cores que vão ser usadas no projeto? Existe alguma técnica para isso?
Marcelo Salum: Na verdade, as cores que eu defino para o projeto vai sempre depender do gosto do cliente. Eu sempre tenho um questionário que eu apresento no começo, nas primeiras entrevistas com o cliente, eu entendo que cores ele gosta e, em cima disso, a gente vai escolhendo para o projeto.
Agora se é para uma mostra de decoração, eu sempre escolho primeiro um elemento que vai me nortear para o restante, por exemplo na
CASACOR 2022 os tecidos do Attilio [Baschera] nortearam a decisão das cores para o restante do ambiente.
Na
CASACOR 2023, assinei a Casa Riachuelo, e comecei a estudar as cores com a
definição do piso: eu escolhi primeiro o piso do ambiente e em cima dele defini as cores.
Já nesse ano, foi o revestimento da
Duratex que norteou o restante das escolhas.
CC: Quais costumam ser as suas inspirações quando cria um projeto colorido?
ML: Varia muito. Eu gosto de olhar para a moda, ela tem potencial de inspiração. Aqui no Brasil, temos uma natureza muito rica, a gente tem contato com as frutas, com todo universo muito colorido que está o tempo todo nos inspirando, desde uma ida à feira, um mercado, visitar museus, ver quadros... tudo acaba me inspirando de uma forma geral.
CC: Como harmonizar cores fortes na arquitetura de interiores?
ML: Tudo é uma questão de equilíbrio, vou dar um exemplo do ambiente que fiz em 2022: para a Casa Coral, eu usei um vermelho super forte, que estava presente em alguns nichos e algumas áreas do projeto e eu amenizei ele com azul bem suave e clarinho. É tudo uma questão de equilíbrio, porque se o ambiente fosse excessivamente vermelho, talvez tivesse uma vibração que fosse forte demais para se tornar um ambiente agradável. Também depende de cada projeto, se for uma boate, pode ter um vermelho excessivo, enfim, ambientes comerciais talvez possam também ter essa vibração um pouco maior mas no geral, o importante é equilibrar. Se o cliente quer uma cor forte, se ele gosta, de repente uma parede ou a marcenaria pintada numa cor forte e o restante mais diluído.
CC: Como você combina cores e estampas?
ML: Eu tenho uma paixão grande por tecidos. Sempre tem um ponto de partida, então, se de repente a laca ou a cor da parede foi definido primeiro, na hora de escolher o tecido, eu levo isso junto, e deixo no meu radar para ser mais assertivo nas escolhas dos tecidos. Às vezes uso cores semelhantes de mesmo tom, em outras cores complementares, e ainda também cores contrastantes. Vai depender do “humor” que cada projeto se propõe.
CC: As cores podem afetar o bem-estar e o senso de pertencimento do ambiente?
ML: Hoje em dia a gente tem falado muito sobre neurociência, eu até fiz um curso, e é interessante ver como as cores são aplicadas em hospitais, em locais de idosos, em colégio, que a cor ela tem uma vibração e tem um propósito. As escolhas certas elas podem ajudar muito os usuários dos locais, até na saúde, na cognição de uma criança, no bem-estar de um idoso. Mesmo dentro de uma residência, as cores conseguem estimular o cérebro, porque um ambiente todo branco não causa estímulo, mas um espaço que tenha algumas cores vai causar alguma vibração. Nesse sentido, o uso das cores é importante e até saudável.
CC: Para quem não tem o hábito de usar cores fortes, mas quer começar, o que você recomenda?
ML: Olha, acho que o lavabo é sempre um bom começo. O lavabo não está ali no dia a dia, às vezes nem são os moradores que irão usar, fica voltado para receber uma visita. Esse espaço tem uma licença poética, então eu diria que, se a pessoa tem receio de usar uma cor forte, comece pelo lavabo.