Stephanie Ribeiro e Wesley Lemos falaram ao jornal nova-iorquino sobre heranças coloniais e vestígios da escravidão presentes na arquitetura brasileira
Atualizado em 23 ago 2024, 16:49 - Publicado em 23 ago 2024, 16:49
Stephanie Ribeiro e Wesley Lemos participaram da reportagem "37 Square Feet That Show Brazil’s Racist Past", escrita por Ana Ionova.(Adriana Barbosa/Gabriela Daltro/)
Por meio das mostras de CASACOR ao redor da América Latina, o público tem acesso ao melhor do que é feito em arquitetura hoje. E por mais valiosos que sejam os momentos contemplando os ambientes criados pelos maiores nomes do design de interiores do continente, Stephanie Ribeiro e Wesley Lemos, arquitetos do elenco de CASACOR, lembram que os projetos arquitetônicos Brasil afora vêm em numerosas formas – e tamanhos.
Stephanie e Wesley foram os especialistas convidados pelo The New York Times para discutir as heranças coloniais e os vestígios da escravidão que persistem na arquitetura de moradias brasileiras. Para a matéria "37 pés quadrados que revelam o passado racista do Brasil", os profissionais analisaram as pequenas áreas em residências que historicamente foram destinadas aos trabalhadores domésticos — coloquialmente chamados de "quartinho de empregada", especifica Stephanie.
"Esse debate é super importante e eu fiquei muito feliz que o The New York Times apontou isso. A arquitetura tem o poder de materializar a realidade e as desigualdades da sociedade; temos que ter esse senso crítico", afirma a arquiteta. Como ela explica em entrevista ao jornal nova-iorquino, o quarto de estrutura precária e poucos metros quadrados reforça a ideia exploratória de que funcionários domésticos devem estar a todo momento a serviço dos patrões, dormir no trabalho e abrir mão das próprias vidas pessoais. "Isso se origina das dinâmicas escravocratas", diz.