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Mostra no Museu do Ipiranga reúne móveis criados nos últimos 400 anos

"Sentar, guardar, dormir: Museu da Casa Brasileira e Museu Paulista em diálogo" traz a cama da Marquesa de Santos e o armário de Santos Dumont

Por Redação

Atualizado em 17 jun 2024, 14:24 - Publicado em 17 jun 2024, 14:24

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Mostra no Museu do Ipiranga reúne móveis criados nos últimos 400 anos

Mostra no Museu do Ipiranga reúne móveis criados nos últimos 400 anos(Divulgação/)

Bancos, cadeiras, sofás, caixas, cômodas, escrivaninhas, guarda-roupas, redes, esteiras e camas. Todos esses itens fazem parte do nosso dia a dia e revelam como atendemos a três necessidades básicas: sentar, guardar e dormir. Com foco nessas três ações humanas e nas soluções criativas adotadas em diferentes épocas, o Museu do Ipiranga realiza a exposição “Sentar, guardar, dormir: Museu da Casa Brasileira e Museu Paulista em diálogo” até o dia 29 de setembro, em São Paulo, e apresenta móveis produzidos entre os séculos XVI e XXI. As 164 peças escolhidas estabelecem um diálogo entre os acervos do Museu da Casa Brasileira (MCB), com 118 móveis, e do Museu Paulista, com 46 peças, expondo a complementaridade dos acervos das duas instituições estaduais paulistas. Os itens evidenciam a diversidade cultural e social brasileiras, abordando as heranças indígena, portuguesa e afro-brasileira, além daquelas ligadas às diversas imigrações e migrações que marcaram nossa sociedade.
Cômoda Papeleira D. José I. (Itu, séc. XIX). As linhas e ornamentação desta cômoda sugerem um alinhamento ao estilo D. José I tardio, representado na talha menos profunda e reservada a alguns pontos da peça, em contraste com o aspecto liso e vazio de partes inteiras, e nas pernas inteiriças com pés baixos e largos. Compra de Henrique Luiz Correia para a Coleção MCB.
(Helio Nobre / CASACOR)
Para facilitar o diálogo com o público, a exposição foi organizada por tipos de móveis, permitindo uma comparação clara entre as formas de desenvolvimento do mobiliário, seja por métodos artesanais ou industriais. A curadoria é dos docentes do Museu Paulista, Maria Aparecida de Menezes Borrego, e Paulo César Garcez Marins e do convidado Giancarlo Latorraca, arquiteto e ex-diretor técnico do Museu da Casa Brasileira. Também colaboraram na curadoria os assistentes Rogério Ricciluca Matiello Félix e Wilton Guerra, pela primeira vez juntos.
Cadeira Paulistano (São Paulo, SP, 1957). Uma “cadeira-pudim”, agradável ao sentar e flexível em todos os sentidos, até lateralmente. Essa foi a intenção do arquiteto Paulo Mendes da Rocha ao projetar esta cadeira. Ele conseguiu seu intento sem recorrer ao tradicional estofado, e usar o aço espiral, muito fino e flexível, que é “vestido” com uma capa de couro ou lona. Em 1986, a peça venceu o 1º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira. Doação de Clami Móveis e Decorações Ltda para a Coleção MCB.
(Helio Nobre / CASACOR)
O MCB foi criado em 1970 para registrar e expor as diferentes formas de morar, tornando-se o único museu brasileiro especializado em design. O acervo abarca muitos itens produzidos a partir da segunda metade do século XX, abrangendo peças assinadas ou produzidas pela indústria ou por camadas populares. Já o Museu Paulista da USP, do qual faz parte o Museu do Ipiranga, é voltado ao estudo de objetos e imagens que documentam a sociedade brasileira e possui móveis em sua maioria produzidos entre o século XVII e os anos 1920. A exposição está instalada no salão de exposições temporárias, um espaço moderno, acessível e climatizado, com 900 m², localizado no piso jardim, o novo pavimento do Museu do Ipiranga. Os ingressos para a mostra são gratuitos. Conheça os módulos da exposição

Sentar




Cadeira e instrumental de dentista ambulante (Década 1920). Cadeira de dentista ambulante, desmontável e dobrável, para ser desmontada e guardada na caixa de madeira que serve como suporte. Da marca norte-americana SS White. Coleção Museu Paulista.
(José Rosael / CASACOR)
Apresenta móveis populares, cadeiras e poltronas feitas por designers dos séculos XX e XXI e conjuntos de sofás e cadeiras dos séculos XVIII e XIX. Um conjunto de tipologias que remete ao uso recorrente ao longo do tempo, incluindo cadeiras de balanço, cadeiras para criança, sofás, poltronas, poltronas de braço, canapés, bancos, mochos, cadeiras de costura e cadeiras de escritório giratórias.
Móvel Multifuncional de Circo - Móvel de Multíplas Utilidades (São Paulo, 1917). Este é um móvel “surpresa”: aberto, transforma-se em cama com cômoda, penteadeira, escrivaninha com banquinho e ainda nichos para guardar objetos. Bastante compacto, é indicado para uso em ambientes reduzidos. Foi exibido na Primeira Exposição Municipal de São Paulo em 1917, no Palácio das Indústrias, quando ganhou bastante destaque por sua inventividade. Na parte frontal da peça, são representados em entalhes pinheiros de araucária e casas de sapé. Feito de araucária, tem autoria de Pedro Antonio da Silva Pimentel. Doação de Pietro Maria Bardi para a Coleção MCB.
(Helio Nobre / CASACOR)
São apresentados diversos tipos de móveis que foram utilizados para armazenar roupas, cartas, documentos e valores. Caixas, canastras, cofres, cômodas, armários, guarda-roupas, contadores, papeleiras e escrivaninhas revelam, por um lado, os modos de dar segurança ao que se quer preservar ou transportar e, por outro, a proteção dos testemunhos da nossa intimidade e das roupas e acessórios que usamos. Entre os destaques, estão a cômoda papeleira com seus sistemas de segredo, guarda-roupas de Alberto Santos Dumont e cangalhas utilizadas em mulas para o transporte de cargas.

Dormir




Cama que pertenceu à Marquesa de Santos (Paris, França, década de 1820). Fabricada por L. Bellangé Fils (Louis-Alexandre Bellangé). Pertenceu a Domitila de Castro Canto e Mello, Marquesa de Santos (1797–1867). Feita de nogueira e bronze, mede 140 x 214 x 147 cm (leito). Doação de Francisco Solano da Cunha, Marina da Cunha Lessa e Pedro Otávio Carneiro da Cunha para o acervo do Museu Paulista da USP.
(José Rosael / CASACOR)
São exibidos móveis que evidenciam diversas formas de deitar e descansar praticadas no Brasil ao longo de séculos. Da rede de origem indígena às camas de casal ou de solteiro, estes móveis foram utilizados tanto em espaços compartilhados, como em ambientes cada vez mais íntimos ou individuais. Pelos vários materiais usados em sua confecção – como fibras naturais, madeiras, couro, metais para encaixes e molas, plásticos e tecidos – pode-se trilhar o caminho entre fatura artesanal, muitas vezes feitas por indígenas e negros, e a linha de produção em série, como é o caso das Camas Patente. Muitas camas foram ofertadas às coleções dos museus por terem pertencido a membros das elites, como a família imperial, nobres que receberam seus títulos dos imperadores, como a Marquesa de Santos; ou de personalidades da política no regime republicano. O módulo também apresenta um conjunto de móveis que pertenceu ao quarto de dona Violeta Jafet, doado em 2017 ao Museu Paulista. Ele é composto por cama, mesas de cabeceiras, penteadeira, sapateira, banqueta, cadeiras e mesa circular e um divã estofado. Dormir, sentar e guardar estavam, assim, reunidos em um mesmo ambiente de elite, por meio dos móveis feitos pelo Liceu de Artes e Ofícios, que foi o mais famoso fabricante de móveis da cidade de São Paulo.
cama-patente

01/17 - <b>Cama tipo patente (São Paulo, SP, 1920). </b>Pertenceu à pintora Anita Fraga (1907–1999). Feita de madeira e metal, mede 118 x 200 x 89 cm. Doação de Inês Moreira de Henrique para o acervo do Museu Paulista da USP. (José Rosael)

canastras---foto-1

02/17 - <b>Par de canastras de tropeiro (Segunda metade do século XIX). </b>Feitas de madeira, couro e tecido, medem 34 x 68 x 32 cm. Acervo do Museu Paulista da USP. (José Rosael)

Cômoda-papeleira

03/17 - <b>Cômoda Papeleira D. José I. (Itu, séc. XIX). </b>As linhas e ornamentação desta cômoda sugerem um alinhamento ao estilo D. José I tardio, representado na talha menos profunda e reservada a alguns pontos da peça, em contraste com o aspecto liso e vazio de partes inteiras, e nas pernas inteiriças com pés baixos e largos. Compra de Henrique Luiz Correia para a Coleção MCB. (Helio Nobre)

Canapé

04/17 - <b>Canapé de madeira entalhada (Século XIX). </b>Fabricação Oficina Beranger. Coleção MCB. (Helio Nobre)

Móvel-Multifuncional-de-Circo---foto-1

05/17 - <b>Móvel Multifuncional de Circo - Móvel de Multíplas Utilidades (São Paulo, 1917). </b>Este é um móvel “surpresa”: aberto, transforma-se em cama com cômoda, penteadeira, escrivaninha com banquinho e ainda nichos para guardar objetos. Bastante compacto, é indicado para uso em ambientes reduzidos. Foi exibido na Primeira Exposição Municipal de São Paulo em 1917, no Palácio das Indústrias, quando ganhou bastante destaque por sua inventividade. Na parte frontal da peça, são representados em entalhes pinheiros de araucária e casas de sapé. Feito de araucária, tem autoria de Pedro Antonio da Silva Pimentel. Doação de Pietro Maria Bardi para a Coleção MCB. (Helio Nobre)

Guarda-roupa-Santos-Dumont

06/17 - <b>Guarda Roupa que pertenceu a Alberto Santos Dumont. </b>Acervo do Museu Paulista da USP. (José Rosael)

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07/17 - <b>Móvel Multifuncional de Circo - Móvel de Multíplas Utilidades (São Paulo, 1917).</b>Este é um móvel “surpresa”: aberto, transforma-se em cama com cômoda, penteadeira, escrivaninha com banquinho e ainda nichos para guardar objetos. Bastante compacto, é indicado para uso em ambientes reduzidos. Foi exibido na Primeira Exposição Municipal de São Paulo em 1917, no Palácio das Indústrias, quando ganhou bastante destaque por sua inventividade. Na parte frontal da peça, são representados em entalhes pinheiros de araucária e casas de sapé. Feito de araucária, tem autoria de Pedro Antonio da Silva Pimentel. Doação de Pietro Maria Bardi para a Coleção MCB. (Helio Nobre)

Móvel-Multifuncional-de-Circo---foto-2

08/17 - <b>Móvel Multifuncional de Circo - Móvel de Multíplas Utilidades (São Paulo, 1917). </b>Este é um móvel “surpresa”: aberto, transforma-se em cama com cômoda, penteadeira, escrivaninha com banquinho e ainda nichos para guardar objetos. Bastante compacto, é indicado para uso em ambientes reduzidos. Foi exibido na Primeira Exposição Municipal de São Paulo em 1917, no Palácio das Indústrias, quando ganhou bastante destaque por sua inventividade. Na parte frontal da peça, são representados em entalhes pinheiros de araucária e casas de sapé. Feito de araucária, tem autoria de Pedro Antonio da Silva Pimentel. Doação de Pietro Maria Bardi para a Coleção MCB. (Helio Nobre)

Rede

09/17 - <b>Rede (Sorocaba, c. 1900). </b>Em algodão fiado, esta peça do artesanato sorocabano com dois punhos de cada lado possibilita várias montagens. Além da posição tradicional, ao se suspender uma lateral mais alta que a outra, a rede forma uma espécie de poltrona, como representado em uma iconografia do desenhista e fotógrafo do século XIX, Hercules Florence. Coleção MCB - Compra Museu da Casa Brasileira. (Helio Nobre)

banco-Trumai

10/17 - <b>Banco Trumai (Anta) - Parque Indígena do Xingu (Mato Grosso, 2007). </b>Em algumas sociedades indígenas brasileiras, desde tempos imemoriais, são feitos bancos esculpidos em peças únicas de madeira. Seu uso é restrito aos homens mais importantes da aldeia durante rituais. As formas e eventuais grafismos seguem a tradição de cada sociedade. Doação de Associação de Amigos do Museu da Casa Brasileira. (Helio Nobre)

Cadeira-Cimo

11/17 - <b>Cadeira Cimo - Mod. 1001 (Rio Negrinho, SC, a partir de 1930). </b>Produção: Cia. Industrial de Móveis - Móveis Cimo S/A. Coleção MCB. (Divulgação)

cadeira-dentista

12/17 - <b>Cadeira e instrumental de dentista ambulante (Década 1920). </b>Cadeira de dentista ambulante, desmontável e dobrável, para ser desmontada e guardada na caixa de madeira que serve como suporte. Da marca norte-americana SS White. Coleção Museu Paulista. (José Rosael)

Cadeira-Paulistano---foto-2

13/17 - <b>Cadeira Paulistano (São Paulo, SP, 1957). </b>Uma “cadeira-pudim”, agradável ao sentar e flexível em todos os sentidos, até lateralmente. Essa foi a intenção do arquiteto Paulo Mendes da Rocha ao projetar esta cadeira. Ele conseguiu seu intento sem recorrer ao tradicional estofado, e usar o aço espiral, muito fino e flexível, que é “vestido” com uma capa de couro ou lona. Em 1986, a peça venceu o 1º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira. Doação de Clami Móveis e Decorações Ltda para a Coleção MCB. (Helio Nobre)

cama-marquesa

14/17 - <b>Cama que pertenceu à Marquesa de Santos (Paris, França, década de 1820). </b>Fabricada por L. Bellangé Fils (Louis-Alexandre Bellangé). Pertenceu a Domitila de Castro Canto e Mello, Marquesa de Santos (1797–1867). Feita de nogueira e bronze, mede 140 x 214 x 147 cm (leito). Doação de Francisco Solano da Cunha, Marina da Cunha Lessa e Pedro Otávio Carneiro da Cunha para o acervo do Museu Paulista da USP. (José Rosael)

Cadeira-Paulistano---foto-1

15/17 - <b>Cadeira Paulistano (São Paulo, SP, 1957). </b>Uma “cadeira-pudim”, agradável ao sentar e flexível em todos os sentidos, até lateralmente. Essa foi a intenção do arquiteto Paulo Mendes da Rocha ao projetar esta cadeira. Ele conseguiu seu intento sem recorrer ao tradicional estofado, e usar o aço espiral, muito fino e flexível, que é “vestido” com uma capa de couro ou lona. Em 1986, a peça venceu o 1º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira. Doação de Clami Móveis e Decorações Ltda para a Coleção MCB. (Helio Nobre)

canastras---foto-2

16/17 - <b>Par de canastras de tropeiro (Segunda metade do século XIX).</b>Feitas de madeira, couro e tecido, medem 34 x 68 x 32 cm. Acervo do Museu Paulista da USP. (José Rosael)

Cesto-kaiapó

17/17 - <b>Cesto cargueiro Kayapó (Brasil - região central). </b>Alguns povos do século XIX que faziam fronteira entre os atuais estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, assim como os kayapó, desenvolveram técnicas artesanais para confecção de cestarias. Coleção MCB. (Helio Nobre)

Serviço - Exposição temporária “Sentar, guardar, dormir: Museu da Casa Brasileira e do Museu Paulista em diálogo”


Quando: de 11 de junho a 29 de setembro de 2024 Onde: sala de exposições temporárias, ala oeste do piso Jardim do Museu do Ipiranga - Rua dos Patriotas, 100 - São Paulo (SP) Horário de funcionamento: de terça a domingo (incluindo feriados), das 10h às 17h (última entrada às 16h) Entrada gratuita Mais informações: https://museudoipiranga.org.br/visite/