(Divulgação/ Dezeen / CASACOR)
Diante dos efeitos da covid-19, muitas pessoas entenderam que era preciso rever seus hábitos e modos de vida. A oportunidade de ficar mais tempo em casa com a família, não passar tantas horas no transporte e realizar atividades prazeirosas vai fazer com que a maioria das pessoas não queiram voltar para a mesma velha sociedade e desejem mudar suas vidas para sempre. As pessoas "não querem voltar" a como estavam as coisas antes do coronavírus, afirma Li Edelkoort, especialista em tendências, em um novo manifesto de esperança para um mundo pós-pandemia, publicado exclusivamente no
Dezeen como parte do
Festival de Design Virtual. No manifesto, Edelkoort propõe um "Fórum Mundial da Esperança" para contrabalançar o Fórum Econômico Mundial. "O Fórum Mundial da Esperança é um novo encontro que incluirá mudanças climáticas em sua agenda, além de cuidar de todas as pessoas negligenciadas envolvidas em cadeias e serviços de produção", escreve Edelkoort, que deu mais detalhes em uma entrevista em vídeo ao vivo com Dezeen. https://youtu.be/g7q5QSrLQsI
Edelkoort a expandirá suas idéias na próxima conferência Business of Fashion Voices. Considerada a previsora de tendências mais influente do mundo, ela é fundadora da agência Trend Union e foi foi diretora da Design Academy Eindhoven de 1998 a 2008. Confira o texto completo do manifesto de esperança de Edelkoort:
A ECONOMIA DA ESPERANÇA: COLOCANDO AS PESSOAS ACIMA DOS LUCROS No final desta pandemia, como se depois de uma guerra, apenas nossos edifícios permanecerão de pé e tudo mais terá mudado. É certo que muitas empresas serão forçadas a adotar uma maneira mais enxuta de produzir bens e serviços, com algumas delas deixando de lado linhas de produção não mais consideradas vitais, mantendo os produtos atuais para a oferta do próximo ano e professando um senso comercial mais frugal. Os designers estabelecidos estão reconsiderando a quantidade de itens que desejam conceber e realizar, recalibrando seu estoque de acordo com a demanda calculada com precisão. A ECONOMIA DA ESPERANÇA: ESSENCIAL É O CAMINHO A SEGUIR A moda tem a oportunidade única de reverter a prática insana de entregar caxemira em novembro e moda praia em maio. Num futuro pós-vírus, as pessoas deverão poder comprar um casaco de inverno no inverno e uma bermuda de verão no verão. As roupas provavelmente se tornarão essenciais e mais uniformes. O design do produto também ganhará impulso crucial, dando forma ao design autônomo em menor escala, feito à mão em ateliês, mantendo uma conexão privilegiada com colecionadores e clientes. Os desastres são conhecidos como poderosas ferramentas de ignição para dar ensejo a formas radicais de transformar as práticas de negócios. Muitos países financiarão o retorno da produção a seus próprios limites e a terceirização se tornará mais diversificada e menos excessiva, cuidando melhor dos trabalhadores e do meio ambiente. A fim de colher essas ideias emergentes – e também aprender com as boas práticas estabelecidas antes desse desastre global –, desejamos organizar uma plataforma internacional voltada para se contrapor ao Fórum Econômico Mundial. O FÓRUM MUNDIAL DA ESPERANÇA O Fórum Mundial da Esperança é um novo encontro que incluirá as mudanças climáticas em sua agenda e cuidará de todas as pessoas negligenciadas envolvidas em cadeias de produção e serviços. Sob a liderança de embaixadores escolhidos nos países participantes, o Fórum Mundial da Esperança reunirá palestrantes e estudos de caso selecionados, boas práticas, reinvenções de varejo e ideias inovadoras que surgirão na primavera do reavivamento. Diferentes soluções e cenários reunidos em um fórum global (virtual) uma vez por ano. Haverá a troca e a análise de conceitos dinâmicos e de dados econômicos, para que todos possamos aprender e para que nossas energias criativas sejam despertadas. Os resultados serão publicados posteriormente e o acesso aberto permitirá que outros os sigam. Reconstruindo o renascimento da sociedade juntos. CUIDANDO DO PLANETA E DAS PESSOAS QUE NELE VIVEM Podemos começar do zero e construir novos sistemas em que aspectos sociais e comuns superam o ego, em que a moral e os valores se sobrepõem aos lucros dos acionistas e em que a colaboração e a cooperação prevalecem para dar a mais pessoas oportunidades iguais. Não temos escolha a não ser unir forças e permanecer juntos. Novos pactos precisam ser estabelecidos entre produtores de fibras, fabricantes de fios, indústrias têxteis e ateliês de moda, entre produtores de matérias-primas, designers independentes e seus artesãos. Cadeias inteiras precisam ser integradas, estimuladas por fundos federais, encontrando lucro e renda compartilhados com base nesse renascimento nos negócios. A economia da esperança tem potencial para transformar a sociedade a partir de dentro. Juntamente com a Dezeen e a Business of Fashion, queremos entrar em contato com designers, líderes do setor, empresas de estilo de vida, o público em geral e um número crescente de amadores criativos. – Lidewij Edelkoort, Sexta-feira Santa, 10 de abril de 2020[newsletter]