Considerado um dos protagonistas da tapeçaria artística nacional, o mineiro-carioca Rubem Dario Horta Bittencourt (1941-1978) será tema de uma exposição, em São Paulo, que vai ser inaugurada dia 13 de abril — a primeira individual do artista. Instalada na Galeria Passado Composto Século XX, "Rubem Dario: o Poeta das Cores" reúne 67 obras únicas que, em conjunto, representam a importância da contribuição de Rubem para a cultura brasileira.
O lugar não poderia ser mais especial. A Galeria Passado Composto Século XX, comandada pela curadora e proprietária Graça Bueno, tem como uma de suas missões o resgate da memória e a valorização do design e da arte nacional. Nesse sentido, a tapeçaria sempre teve um lugar especial nas paredes do espaço, localizado no bairro dos Jardins.
Rubem Dario, Tapeçaria em lã, c. 1964, bordada - Ruy Teixeira / CASACOR
Com
curadoria assinada por Graça, e colaboração especial do historiador Paulo César Garcez Marins, a mostra resgata a memória de Dario, traçando um panorama a partir de
documentos históricos e uma coleção de obras que estiveram desde 1978 sob os cuidados da irmã dele, Anna Lúcia Bittencourt. O visitante poderá fazer uma imersão no trabalho do artista, produzido
entre 1963 a 1978, e conhecer 56 cartões modelo, 6 tapeçarias, 3 desenhos e 2 estudos de projetos.
Sobre o acervo reunido por Graça, a maioria dos guaches no papel nunca foi exposta e estes trabalhos podem ser considerados inéditos. Como destaque, a curadora elege uma tapeçaria de lã de porte monumental, com 2,91 m x 2,16m, datada de 1965 e produzida pelo Artesanato Guanabara em tear manual.
Graduada em Artes Decorativas dos Séculos XVII ao XX pela Sotheby’s Educational Studies, em Londres, Graça é
expert e
pesquisadora em mobiliário de época e tapeçarias modernas artísticas brasileiras e internacionais, além de trabalhar junto com as famílias de autores e instituições, contribuindo para enaltecer a cultura brasileira e resgatar a memória artística.
Rubem Dario, Tapeçaria em lã, c. 1965, tear manual - Ruy Teixeira / CASACOR
Ela é fã confessa de Rubem Dario e relembra quando e como conheceu o artista. "Em 2013, adquiri uma
tapeçaria monumental e de excepcional beleza com
temas tropicais. Na época comprei de uma família e eu não sabia mais sobre o artista. Simplesmente me apaixonei pela obra. Anos mais tarde, em 2016, ao conhecer e me encontrar pessoalmente com a irmã dele, Anna Lúcia, descobri, por meio do vasto arquivo histórico abrigado em sua residência no Rio de Janeiro, que esta magnífica tapeçaria havia sido encomendada em 1968 pelo Colégio Santo Inácio e foi executada pelo Ateliê da Penitenciária de Bangu, que por anos foi uma referência em obra social", afirma.
De a acordo com Graça, Rubem Dario não vivia sem a
paisagem ou sem a visão da
natureza. Ele criou tapeçarias com temas da vegetação tropical e com a junção dos opostos, máquina e natureza, simbolizando o homem da cidade e do campo. "Iniciado em pintura e com vocação muralista, produziu obras únicas em guache como base para as suas tapeçarias, pelas quais obteve sucesso, reconhecimento e o título de o mágico das cores”, explica.
Rubem Dario, c. 1963, Desenho - Mariana Chama / CASACOR
Graça afirma, ainda, que a produção de Dario é marcante para a
tapeçaria artística nacional pela sua
originalidade e
maestria mágica das cores nos diversos temas de natureza — desde a tropical a traços abstratos, geométricos e figurativos do período de 1963 a 1978. “Embora sua carreira tenha sido curta e meteórica, seu legado poético e consistente se concretizou pelo sucesso de sua participação em mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior, em especial na I Bienal de Artes Aplicadas del Uruguay em Punta Del Este, em março de 1965”, conclui.
Serviço "Rubem Dario - O Poeta das Cores"
Quando? De 13 de abril a 26 de junho de 2024
Onde? Galeria Passado Composto Século XX
Endereço: Alameda Lorenda, 1996 – Jardins, São Paulo/SP
Horário de funcionamento:
De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h
Aos sábados, das 10h as 14h