Na comunidade do Jardim Colombo, Zona Oeste de São Paulo, Neusa da Silva morava em uma casa de 13 m² em uma situação bastante insalubre: sem janela, com uma porta quebrada e infestada de roedores e insetos. Por viver de reciclagem para conseguir uma renda, ela usava o espaço para juntar vários materiais. Foi nesse cenário onde entrou o Instituto Fazendinhando.
“Esse cenário nos assustou tanto que percebemos a necessidade de intervenção imediata”, lembra Ester Carro, ativista social e arquiteta responsável pelo projeto. Para realizar as obras, dada a complexidade da moradia, o Instituto contou com a ajuda de uma equipe multidisciplinar.
Casa da Neusa por Ester Carro - Kamilla Baes / CASACOR
Dessa forma, a equipe – composta por profissionais do posto de saúde do Jardim Colombo, agentes comunitários e pelas
Fazendeiras – ajudou a retirar o lixo acumulado da casa e a prevenir futuras infestações.
Ampliação do banheiro e adição de esquadrias
Casa da Neusa por Ester Carro - Kamilla Baes / CASACOR
Neusa não conseguia usar seu banheiro adequadamente. Assim, logo no início da obra, foi priorizada a
ampliação desta área – que passou de 1,16 m² para 2 m², resultando, no final, em uma moradia de cerca de 14 m². Nesse processo, foram
instaladas todas as peças sanitárias, além da aplicação de revestimento e forro, bem como a renovação da parte hidráulica e elétrica. “O banheiro ainda é pequeno, mas a sua expansão deixou a área mais confortável”, destaca Ester.
Casa da Neusa por Ester Carro - Kamilla Baes / CASACOR
A casa também recebeu a adição de novas esquadrias, com uma porta de alumínio mais resistente e uma janela –
intervenção que possibilitou a entrada de ventilação e iluminação natural. A fachada, por sua vez, precisou ser refeita do zero, e recebeu cores fortes e alegres, muito características dos moradores das comunidades.
Mobiliário com diferentes funções
Casa da Neusa por Ester Carro - Kamilla Baes / CASACOR
A adição de
móveis multifuncionais foi solução encontrada para armazenar a maior quantidade possível de itens no espaço pequeno. Assim, a estante que atende ao quarto como guarda-roupa também pode ser usada para armazenar alimentos e utensílios na cozinha. “Pensamos em um que servisse tanto para ser
funcional quanto para
dividir o ambiente”, diz a arquiteta.
A inauguração da nova residência aconteceu na última semana, em 15 de janeiro. “Eu olho para a parede e ela está linda. Gostei muito”, declara Neusa. O resultado do projeto foi alcançado por meio do esforço de pedreiros e das Fazendeiras, além do reaproveitamento de materiais doados pela
CASACOR 2023 e pela Prospexit, como cerâmicas e porcelanatos. “Se eu pudesse definir em uma palavra todo esse processo na vida dela, seria ‘recomeço’. Acredito que
essa entrega significa uma transformação que começa do interior da Neusa e, depois, para fora”, reflete Ester.