Arquitetura

Conexão Xangai: Fernando Brandão, o brasileiro que conquistou a China

O arquiteto, que tem carreira internacional consolidada, retorna à mostra em 2018 com um ambiente de coworking

por Vanessa D'Amaro 2 jul 2018
13h50
Fernando Brandão
Fernando Brandão (Reprodução/CASACOR)

Fernando Brandão vive em dois mundos. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Católica de Santos em 1983, possui um escritório bem sucedido em São Paulo e mantém uma filial em Xangai, na China, desde 2013. O profissional é o único brasileiro a ter um escritório de arquitetura em território chinês. Além disso, atua também como professor do núcleo de arquitetura internacional de duas das maiores universidades chinesas, a Fudan University Shanghai e a Peking University. As empreitadas são fruto da boa relação que manteve com o país asiático desde o seu primeiro grande projeto: o Pavilhão Brasileiro na Expo Universal 2010, que aconteceu na própria cidade de Xangai. Nacionalmente, o arquiteto é conhecido pelo projeto da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. O seu traço foi elogiado, inclusive, pelo escritor português José Saramago, vencedor do Nobel da Literatura em 1998, em visita à livraria em 2008. Neste ano, o arquiteto retorna a CASACOR, após grande hiato e assina o Coworking, ao lado de Camila Bevilacqua.

Inovação em CASACOR SP

A inovação é uma marca de Fernando Brandão nos seus ambientes da CASACOR São Paulo – o arquiteto acumula cinco participações na mostra. Foi assim na sua estreia, em 2008, com o ambiente que recebeu o nome bem humorado de Sala do Presidente à beira de um ataque de nervos. Em seguida, com o X Space in Natura, em 2009, criou uma construção do zero no jardim da mostra. Em 2010, com o Espaço X3 foi a preocupação com a sustentabilidade e a ousadia de montar um ambiente sobre as arquibancadas do Jockey Club que chamou a atenção – feito que o arquiteto repetiu em 2011 com o projeto X4. Sete anos depois, Fernando Brandão está de volta a CASACOR com um espaço de 160 m2, que celebra as novas relações de trabalho. Durante todo o evento, o ambiente funciona como um ponto de encontro com estrutura para encontros e reuniões. O Templo Coworking, levantado por um sistema de construção a seco, é dividido em três ambientes: uma sala de estar com oito estações de trabalho, uma sala coletiva com uma mesa de oito metros e um lounge integrado com a área externa.

Livraria Cultura: um espaço dedicado à leitura

Concluída em 2007, a icônica Livraria Cultura no Conjunto Nacional – edifício assinado pelo famoso arquiteto Daniel Libeskind – é um dos projetos mais aclamados de Fernando Brandão. A loja, que ocupou o espaço do antigo Cine Astor, virou um marco arquitetônico na cidade de São Paulo com seus 4.300 m2 em três pavimentos. Com a entrada oficial pelo corredor da Alameda Santos, o visitante é convidado a adentrar pelas rampas que marcam o projeto. O arquiteto optou por manter a declividade do galpão e usá-la para expor livros e criar áreas de leitura e convivência. Todas as outras filiais da Livraria Cultura seguiram o padrão deste projeto.  

“É uma livraria para comprar livros, claro, mas também para desfrutar do espectáculo impressionante de tantos títulos organizados de uma forma tão atractiva, como se não fosse um armazém, como se de uma obra de arte se tratasse. A Livraria Cultura é uma obra de arte”, José Saramago.

Pavilhão Brasileiro: o melhor do design brasileiro

Vencedor do concurso que escolheu o projeto do Pavilhão Brasileiro, o arquiteto Fernando Brandão estreou em Xangai com grande estilo. Na edição chinesa de 2010 da Expo Universal, o Pavilhão do Brasil chamou a atenção principalmente pela fachada. Em tons de verde e amarelo, ela foi construída com madeira pínus que, além de fazer referência às nossas florestas, também remeteu à cadeira Favela – ícone de design assinado pelos Irmãos Campana. O projeto marcou o início de uma carreira sólida de Brandão no país, já que três anos depois, o arquiteto abriu uma filial de seu escritório na cidade chinesa.