Três obras de Maria Fernanda Paes de Barros estão expostas na SP-Arte 2022
As peças foram confeccionadas após uma longa e bonita jornada de Maria Fernanda em meio a povos tradicionais do país
Por Redação
Atualizado em 08 abr 2022, 17:40 - Publicado em 09 abr 2022, 10:00
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(Lucas Rosin/)
A artista, designer, pesquisadora e fundadora da Yankatu, Maria Fernanda Paes de Barros, participa da edicão 2022 da SP-Arte, Festival Internacional de Arte de São Paulo, que acontece na Bienal no Parque Ibirapuera até domingo, 10 de abril. Suas peças integram o acervo da Galeria D.Propósito com a proposta de resumir de forma poética a tradição ancestral brasileira. As três peças de Maria Fernanda foram criadas após uma longa e bonita jornada em meio a povos tradicionais do país: a aldeia Kaupüna, da etnia Mehinaku, no Alto Xingu, sul da Floresta Amazônica; e a aldeia Mãe Barra Velha, da etnia Pataxó, em Porto Seguro, na Bahia. No Alto Xingu, Maria Fernanda desenvolveu a Coleção Xingu, da qual fazem parte o Armário Oca e o Bufê Abrigo; já na aldeia Mãe Barra Velha, veio a inspiração para a criação do pendente Halo, que faz parte da coleção Filhos da Terra. Entre as três peças, a única inédita é o pendente Halo, feito com estrutura em peroba de demolição e flores de penas brancas de galinha, feitas pela artista Txahamehé Pataxó, que remete às tiaras das mulheres da aldeia da etnia Pataxó. "Foi lá, sentada sob o céu estrelado que assisti pela primeira vez um ritual de homenagem e agradecimento à lua. Cantos acompanhados por passos ritmados ao redor da fogueira, corpos com o brilho avermelhado do fogo, cocares e tiaras feitos com penas se destacam e naqueles instantes conectam Céu e Terra", comenta. "Assim nasceu o pendente Halo, buscando transmitir toda a magia daquele momento". Na peça, as flores feitas com penas brancas circundam a estrutura esculpida em peroba rosa de demolição, que abriga uma fita de led, proporcionando uma luz indireta e acolhedora. "Nesta experiência, tinha um constante sentimento de que somos todos filhos da Terra", diz Maria Fernanda. O armário Oca e o Bufê Abrigo fazem parte da Coleção Xingu e foram lançados em 2020 e 2021 respectivamente mas, por conta do isolamento social imposto pela pandemia, nunca foram expostos. Por isso é a oportunidade dos visitantes conhecerem de perto. “A ideia inicial era levar para a aldeia cilindros de madeira para propor às mulheres substituirmos os talos de buriti e, juntas, tecermos uma nova esteira. Mas a pandemia chegou e foi impossível retornar. Resolvi, então, propor uma nova abordagem com o auxílio do meu amigo Kulikyrda “Stive” Mehinaku. Ele conversou com as mulheres que concordaram em me ensinar a tecer uma esteira por meio de aulas em vídeo”, conta a artista. Dessa forma, o Bufê Abrigo apresenta a tradição sob uma nova perspectiva. “A oca é lugar de abrigo e proteção. É nela que famílias inteiras vivem, protegidas do sol intenso e dos animais do bioma onde estão inseridas. Suas formas arredondadas são conseguidas utilizando-se troncos de pindaíba, finos, compridos e flexíveis, amarrados com casca de embira”, explica Maria Fernanda. É daí que vem o nome do móvel, cujas portas abrem e fecham como abraços que acolhem e protegem".
Serviço SP-Arte
Data: De 06 a 10 de abril Local: Prédio da Bienal do Parque Ibirapuera