10 vezes em que o cogumelo foi usado como matéria-prima no design
Chamada de micélio, as raízes do fungo permitem a criação de materiais versáteis, duráveis e sustentáveis
![10 vezes em que o cogumelo foi usado como matéria-prima no design](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design-abre-1.jpg?quality=90&strip=info&resize&w=1024)
O desenvolvimento de biomateriais tem sido tema de pesquisa e estudo de muitos designers nos últimos anos com o objetivo de diminuir o uso de matérias-primas pouco sustentáveis, como é o caso do plástico e do couro animal. E, dentro dessas pesquisas, o micélio tem se destacado.
Trata-se da parte vegetativa de um fungo ou colônia bacteriana, que consiste de uma massa de ramificação formada por um conjunto emaranhado. Essa incrível estrutura ganhou relevância graças à sua versatilidade, além de ser um material sustentável e ecológico que pode ser utilizado na criação de uma série de produtos, como você pode conferir na seleção abaixo.
1. Couro de cogumelo colorido
![micelio-design Corantes de resíduos alimentares trazem cor ao couro de micélio no projeto Sages and Osmose](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design.jpeg?quality=90&strip=info&w=852&resize&strip=info&w=1024)
As empresas britânicas Sages e Osmose se uniram para criar um novo biomaterial. Tratam-se de folhas feitas de micélio tingidas com resíduos naturais de alimentos. O resultado é um material que imita a aparência do tradicional couro animal. A Osmose é especializada em fabricar uma alternativa ao couro a partir do micélio, a parte fibrosa das raízes dos cogumelos, enquanto a Sages produz corantes naturais usando resíduos alimentares, como caroços de abacate, mirtilos, couve e cascas de cebola, que normalmente são aplicados em tecidos.
A parceria resultou em um material inovador e sustentável, com o micélio colorido sem a necessidade do uso de corantes sintéticos à base de petróleo, mantendo assim o produto livre de componentes tóxicos e capaz de biodegradar com segurança no solo.
2. Micélio e impressão em 3D
![micelio-design2 bioMATTERS combina micélio, argila e resíduos industriais para imprimir recipientes e tigelas em 3D](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design2.jpeg?quality=90&strip=info&w=728&resize&strip=info&w=1024)
O estúdio de biodesign, baseado em Nova York e Londres, bioMATTERS misturou micélio, argila e resíduos domésticos e industriais para criar recipientes e bowls impressos em 3D. A coleção de objetos chamada MYCO-CLAY representa o potencial da impressão 3D para gerar peças robustas e recicladas para o ambiente doméstico, utilizando materiais orgânicos e residuais. A ideia da empresa é desenvolver novos produtos biodegradáveis, adotando novos fluxos de trabalho de biofabricação com o micélio e argila, que é um material natural com alta plasticidade.
Liderado por Nancy Diniz e Frank Melendez, o bioMATTERS afirma que as peças dessa coleção refletem uma estética pós-digital contemporânea, que ganham vida por meio de precisão computacional, design generativo e tecnologias de impressão 3D.
3. Vasos que limpam a água
![micelio-design3 Pesquisadores da RISD criam vagens flutuantes de micélio para limpar cursos de água](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design3.jpeg?quality=90&strip=info&w=804&resize&strip=info&w=1024)
Uma equipe de estudantes e pesquisadores da Rhode Island School of Design, nos Estados Unidos, desenvolveu uma série de canteiros flutuantes feitos de um biomaterial à base de micélio. A ideia é usar as peças para remover os poluentes dos cursos de água e restaurar o habitat natural. Chamada de Biópodes Flutuantes, a inovação atua para que seja possível introduzir plantas nativas de volta aos sistemas de zonas húmidas degradadas, ao mesmo tempo que limpam a água por meio da reintrodução de microrganismos que descontaminam naturalmente o ambiente.
4. Luminária viva
![micelio-design4 Myceen cria abajures macios e aveludados feitos de micélio de cogumelo](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design4.jpeg?quality=90&strip=info&w=1024&resize&strip=info&w=1024)
A empresa Myceen, com sede em Tallinn, capital da Estônia, desenvolveu uma série de luminárias suspensas feitas de micélio chamada B Wise. As cúpulas foram produzidas com o biomaterial, enquanto o alumínio compõe a estrutura. Resíduos orgânicos da indústria madeireira e agrícola da região, incluindo serragem e palha, foram misturados com micélio. Depois disso, a mistura foi despejada no molde da luminária para crescer sob condições controladas de temperatura e umidade.
Dessa forma, o fungo começa a se alimentar dos resíduos e se expande para se ajustar ao formato do molde. Depois de preenchido, o material é retirado do molde e desidratado para evitar que se expanda ainda mais. Todo o processo leva cerca de cinco semanas do início ao fim.
5. Tênis reinventado
![micelio-design5 Tênis Stan Smith Mylo, d Adidas, feito de couro de micélio](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design5.jpeg?quality=90&strip=info&w=852&resize&strip=info&w=1024)
Até a gigante Adidas se rendeu à versatilidade do couro feito de micélio e revelou uma versão do clássico tênis Stan Smith feita com o biomaterial. O calçado conceitual, criado pela marca, tem uma parte superior desenvolvida em laboratório a partir de micélio. Durante duas semanas, folhas deste material foram cultivadas e depois curtidas e tingidas para criar um couro de micélio chamado Mylo, que foi originalmente criado pela empresa de biotecnologia americana Bolt Threads.
6. Embalagem sustentável
![micelio-design6 Amen cultiva embalagens de micélio com carbono negativo para enviar suas velas](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design6.jpeg?quality=90&strip=info&w=1024&resize&strip=info&w=1024)
A marca francesa de velas Amen desenvolveu embalagens carbono-negativas feitas de micélio e resíduos agrícolas para entregar seus produtos aos clientes. A ideia é ajudar a diminuir os resíduos plásticos usados no transporte de produtos frágeis, como velas, que muitas vezes são embalados em plástico bolha para os proteger, mesmo que a embalagem exterior não contenha o material.
7. Parece cerâmica, mas é micélio
![micelio-design7 Craft Combine cria uma coleção de artigos para casa feita de micélio de cogumelo](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design7.jpg?quality=90&strip=info&w=979&resize&strip=info&w=1024)
O estúdio Craft Combine, de Seul, na Coréia, projetou uma coleção de recipientes feitos de micélio por meio de uma colaboração com o Bio Lab Seoul, um laboratório público de biologia. Os designers esperam que novos materiais ecológicos, como o micélio, revolucionem mais uma vez a vida humana, assim como a cerâmica revolucionou na pré-história.
Eles descobriram que o micélio é um material natural autossustentável, que pode ser combinado com subprodutos agrícolas. O material cresce por meio de um processo natural e desigual. Isso dificulta a obtenção de forma e acabamentos consistentes porque o processo de controle de crescimento não é regular. Porém, aproveitaram essa característica artesanal para criar peças únicas que variam em textura, cor e formato.
8. Micélio no mercado de luxo
![micelio-design8 Versão da clássica bolsa de couro da Hermès Victoria feita de micélio](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design8.jpeg?quality=90&strip=info&w=766&resize&strip=info&w=1024)
A marca de luxo francesa Hermès fez uma parceria com a empresa de biomateriais MycoWorks para reinventar a clássica bolsa Victoria em uma alternativa de couro cultivada a partir de micélio. A peça foi produzida na cor âmbar. A matéria-prima é curtidas e acabadas pelos curtumes Hermès na França, assim como o couro verdadeiro, para imitar a aparência tradicional — desde o enrugamento até o gradiente de cor. Chamado Sylvania, o material foi criado como parte de uma colaboração de três anos entre a MycoWorks e a Hermès para aperfeiçoar o couro de micélio para uso em um produto de luxo disponível comercialmente.
9. Toque aconchegante
![micelio-design11 Mari Koppanen cria coleção de assentos de couro de cogumelo](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design11.jpeg?quality=90&strip=info&w=1024&resize&strip=info&w=1024)
A designer de móveis Mari Koppanen usou um material semelhante à camurça, historicamente feito na Romênia a partir de fungos, para estofar simpáticos banquinhos. A linha Fomes foi desenhada em homenagem ao fungo conhecido como fomes fomentarius, que produz cogumelos em forma de casco de cavalo. Ao usá-lo para uso em móveis contemporâneos, Koppanen espera preservar essa habilidade ancestral, bem como explorar o material como substituto do couro animal.
10. Couro vegano
![micelio-design10 Couro vegano da MycoWorks](https://casacor.abril.com.br/wp-content/uploads/2024/05/micelio-design10.jpeg?quality=90&strip=info&w=1024&resize&strip=info&w=1024)
Grandes marcas de moda se uniram para investir em um novo material chamado Mylo, que é cultivado a partir de micélio, mas com a aparência do couro animal. Como parte de um consórcio empresarial, as marcas reunidas ajudam a aumentar a capacidade de produção da empresa de biotecnologia americana Bolt Threads. A ideia é criar uma cadeia de abastecimento de couro vegano, o que permitiria a fabricação de produtos com o material em escala comercialmente viável.