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MDW 2024: Por dentro da instalação misteriosa de David Lynch

O cineasta estreou na Semana de Design de Milão com “A Thinking Room”, uma exposição tão enigmática quanto os seus filmes

Por Maria Fernanda Barros
18 abr 2024, 12h00

Quem já assistiu aos icônicos Blue Velvet (1986) e Mulholland Drive (2001) sabe bem o quanto o caráter surrealista dos filmes de David Lynch é capaz de provocar pensamentos incessantes mas não é só no cinema que o diretor vai te colocar para pensar. 

Na feira de design Salone de Mobile, maior evento da Milan Design Week 2024, o cineasta David Lynch apresentou, literalmente, uma sala do pensamento em forma de instalação artística. Com curadoria de Antonio Monda, “Interiors by David Lynch – A Thinking Room” apresenta duas salas idênticas com cortinas de veludo azul, um grande trono central com sete cilindros dourados, objetos, como um espelho e um relógio, e projeções de vídeo com imagens.

Todos esses elementos trabalham juntos para concretizar o objetivo principal de Lynch: construir um espaço totalmente voltado à reflexão.

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O interesse de Lynch pelo design e pela arquitetura é de longa data: faz muitos anos que o cineasta se aventura na carpintaria, confeccionando o mobiliário tanto de sua casa, quanto dos cenários dos seus filmes. Em 1997, ele marcou presença na feira de móveis de Milão e apresentou uma coleção de móveis no Salone del Mobile.

Em seu retorno ao evento, Lynch procurou inserir na MDW 2024 um espaço para pensar ou meditar. Segundo Monda, curador da exposição, o intuito foi criar um espaço onde “as pessoas pudessem estar em paz consigo mesmas”. O cineasta desenvolveu todos os esboços da instalação, que foi construída pelo escritório de arquitetura milanês Lombardini22 e cenógrafos do Teatro Piccolo da cidade.

Por dentro da instalação misteriosa de David Lynch na Milan Design Week
Exterior da instalação (Paolo Riolzi/CASACOR)

Por mais que possamos rapidamente associar o trono rodeado de veludo azul com Blue Velvet, a masterpiece do diretor, ele declara que a “Thinking Room” não tem relação com o seu acervo cinematográfico. Monda diz que o aspecto que Lynch quis destacar sobre sua própria vida foi, realmente, a meditação. Porém, o curador não discorda dos fãs da obra lynchiana: “Como professor e cinéfilo, vejo a mesma linguagem, mas ele não diria isso.”

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