O que não faltou em 2023 foram
ótimas exposições de arte espalhas por todo o Brasil, marcando o retorno do setor cultural pós-pandemia. De mostras individuais, coletivas a obras de artistas visuais, além de mais uma edição da
Bienal de São Paulo, a
SP–Arte elegeu as
10 principais mostras que marcaram o ano de 2023. Confira a seguir!
1. Retratistas do Morro – Sesc Pinheiros, SP
Composta por fotografias que abrangem o período de
1960 a
1990, a mostra apresenta (até 28 de janeiro de 2024) o trabalho dos fotógrafos
Afonso Pimenta e
João Mendes, sob a curadoria do pesquisador e artista visual
Guilherme Cunha, tendo como foco a região do
Aglomerado da Serra, localizada ao Sul de Belo Horizonte.
A exposição é um
desdobramento do projeto social
“Retratistas do Morro”, iniciado por Cunha em 2015, cujo objetivo é contribuir para a
preservação do patrimônio histórico-cultural nacional e ampliar o entendimento sobre a história das imagens no Brasil, especialmente as narrativas visuais produzidas por retratistas que atuaram nas comunidades.
2. 35ª Bienal de São Paulo: coreografias do impossível
A
maior exposição de arte contemporânea do hemisfério sul e a segunda
mais antiga do mundo após a Bienal de Veneza, a Bienal de São Paulo realizou sua 35ª edição entre setembro e dezembro deste ano. Intitulada
coreografias do impossível, a mostra reuniu
121 artistas do mundo todo – sendo 80% não-brancos – com esculturas, pinturas, instalações e vídeos. Dispensando a figura de um curador-chefe, a 35ª foi curada por
Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e
Manuel Borja-Villel. 3. Dos Brasis – Sesc Belenzinho, SP
(Matheus Jose Maria / CASACOR)
Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro é a mais abrangente exposição dedicada
exclusivamente à produção de artistas negros já realizada no país. A ideia nasceu em 2018, fruto do desejo institucional do Sesc em conhecer, dar visibilidade e promover a produção afro-brasileira. Para sua realização, foram convidados os curadores
Hélio Menezes e
Igor Simões. A mostra fica até
28 de janeiro de 2024. 4. 1ª Bienal das Amazônias, PA
A primeira edição da
Bienal das Amazônias teve como principal ponto expositivo uma antiga loja de departamentos de 7,6 mil m² no centro comercial de Belém, no Pará. A mostra reuniu, entre agosto e novembro deste ano, obras de
120 artistas dos nove estados amazônicos brasileiros e dos sete países que integram a Pan-Amazônia. Uma das propostas era revelar um potente sistema cultural, que vai muito além da floresta, e debater
temas mundiais como economia, relações sociais e questões climáticas.
5. Revenguê: uma exposição-cena – MAR, RJ
(Cortesia do artista / Revista Terremoto / CASACOR)
A proposta do artista visual, escritor e dramaturgo
Yhuri Cruz em "Revenguê: uma exposição-cena", sua exposição individual no
Museu de Arte do Rio, foi inspirada numa ficção desenvolvida por ele nos últimos anos, onde apresenta um
novo planeta e suas
reverberações naqueles que o conhecem.
A segunda edição do projeto
“Instituto Tomie Ohtake visita” convidou o curador
Jacopo Crivelli Visconti para propor um percurso pela trajetória da
Coleção Imaginária de Paulo Kuczynski. A mostra reuniu, entre maio e agosto, alguns dos
trabalhos mais importantes que passaram pelo crivo do
marchand e colecionador ao longo de quase
50 anos de atuação. Com pouco mais de 200 trabalhos de 39 artistas, a exposição – que resgatou o título de uma mostra realizada por Kuczynski em 2004 –
alinhou diferentes períodos e expressões da arte brasileira, permitindo vizinhanças e aproximações inesperadas e extremamente fecundas.
7. Alex Červený: Mirabilia – Pinacoteca, SP
A mostra panorâmica apresenta o universo iconográfico do artista em mais de
40 anos de carreira, com ênfase em sua pesquisa sobre viagens, reais ou oníricas, misturando personagens bíblicos, mitológicos, ícones pop e ilustração científica. Em cartaz até
10 de março de 2024, a exposição da
Pinacoteca reúne mais de
100 obras, entre azulejos, cerâmicas policromadas, esculturas de bronze, pinturas e gravuras, fruto de um apanhado de referências muito diversas, articuladas com
muita erudição e humor.
8. 22ª Bienal Sesc_Videobrasil: A memória é uma ilha de edição – Sesc 24 de maio, SP
(Ricardo Amado / CASACOR)
Com direção artística de
Solange Farkas e curadoria de
Raphael Fonseca e da queniana
Renée Akitelek Mboya, a
22ª Bienal Sesc_Videobrasil é pensada a partir de um verso de Waly Salomão: “a memória é uma ilha de edição”. O recorte curatorial apresenta
diferentes visões e
modos de lidar com a memória – e o esquecimento –, seja individual ou coletiva, ligada a contextos sociais, políticos e culturais variados. A mostra segue em cartaz até
25 de fevereiro de 2024. 9. Fazer o moderno, construir o contemporâneo: Rubem Valentim – Inhotim, MG
Em cartaz até
30 de setembro de 2024 e com co-curadoria de
Lucas Menezes e do curador convidado
Igor Simões, a exposição apresenta obras de
diferentes períodos de produção do artista (1922-1991), da pintura aos relevos, objetos e emblemas serigráficos. As obras exibidas contemplam mais de
30 anos de produções de Valentim que fazem parte do acervo do
Instituto Inhotim e, ainda, trabalhos cedidos pelo
Museu de Arte Moderna da Bahia,
Museu de Arte Contemporânea de São Paulo e pelo
Museu de Arte da Pampulha. 10. Paul Gauguin: o outro e eu – MASP, SP
A mostra
do MASP foi pioneira em abordar de maneira crítica a problemática relação do artista moderno Paul Gauguin (1848-1903) com paisagens e personagens do Taiti, a ilha no oceano Pacífico que integra a Polinésia Francesa. Sua obra, sobretudo neste período, é uma extraordinária investigação sobre a figura e a cor, assim como é extremamente contemporânea no modo como se apropriou de iconografias de diversas culturas, colocando-as em diálogo com a própria tradição da pintura ocidental.