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Em novo trabalho Nuno Ramos se reaproxima da dramaturgia

No salão central da galeria Anita Schwartz Galeria, no Rio, o artista realizará uma peça teatral mecânica

Por Redação
7 nov 2023, 16h00

Espectros (Cadeira 17) é nome da nova obra do multi artista Nuno Rumas. Uma grande instalação institucional, produzida pelo artista – um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira – ocupará o salão central da Anita Schwartz Galeria. Com oito metros de pé-direito, Nuno Ramos realizará uma peça teatral mecânica, com aproximadamente 50 minutos de duração, em um momento culminante de sua aproximação com a dramaturgia, presente ao longo de sua trajetória.

Nuno Ramos- Instalação - Anita Schwartz Galeria de Arte
(Divulgação/CASACOR)

As vozes que dão vida aos elementos cênicos – uma cortina vermelha, com cinco metros de altura, uma corneta militar e três cadeiras, escolhidas como personagens – foram retiradas e mixadas de mais de sete mil fragmentos de áudios pesquisados em arquivos históricos públicos e na internet. Entre elas, estão falas de grandes atrizes, jornalistas, ministros do Supremo Tribunal Federal, além de intelectuais e figuras de ponta da cultura brasileira. Há ainda a voz de um sujeito que pigarreia, engasga e tosse, e de fragmentos de áudio do Brasil modernista, dos anos 1950 e 1960.

Nuno Ramos conta que o título se refere à peça “Espectros”, do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), “onde o passado, o hereditário, o inevitável, não cessam de retornar”. “Este trabalho é uma homenagem ao teatro, e principalmente à Fernanda Montenegro”, diz o artista. “Seu discurso na cerimônia de posse na Academia Brasileira de Letras é uma das fontes e inspirações deste trabalho”. “Cadeira 17” é a cadeira ocupada desde março de 2022 por Fernanda Montenegro, na ABL.

Nuno Ramos- Instalação - Anita Schwartz Galeria de Arte
(Divulgação/CASACOR)

Em um trabalho exaustivo e minucioso – “infernal”, observa Nuno Ramos – ele vem se ocupando da elaboração desta obra há um ano. Para construir as falas dos personagens, o artista mixou mais de sete mil fragmentos de vozes, selecionadas em arquivos históricos e na internet, em uma extensa pesquisa. “É uma homenagem ao teatro, uma fantasmagoria. Lidar com vozes pré-existentes me deu uma liberdade maior para criar o texto. Elas falam o que querem, e eu tento fazer com que falem o que quero, e desta luta saiu meu texto”, explica.

Nuno Ramos- Instalação - Anita Schwartz Galeria de Arte
(Divulgação/CASACOR)

O espaço expositivo se transformará em um palco, em que estarão, como elementos cênicos, uma cortina vermelha, com cinco metros de altura, três cadeiras e uma corneta militar. A cada um desses itens, ou personagens, será associado um conjunto de vozes. O movimento em cena será dado por um sistema mecânico e automático de roldanas e contrapesos, que farão com que cortina, cadeiras e a corneta subam e desçam. A cada um dos cinco objetos cênicos corresponde uma caixa de som, que será acionada quando o contrapeso que movimenta os objetos pousar sobre ela. “Trata-se de uma ‘Peça de Teatro Mecânica’, que funciona sozinha, como uma geringonça autônoma que não precisa de atores nem de espectadores”, diz Nuno Ramos.

Nuno Ramos- Instalação - Anita Schwartz Galeria de Arte
Nuno Ramos – Instalação na Anita Schwartz Galeria de Arte (Divulgação/CASACOR)

A peça dura em torno de 50 minutos, e as sessões serão contínuas, com breves intervalos entre elas. Um monitor exibirá o texto, para que o público possa acompanhar as falas. No segundo andar da Anita Schwartz Galeria de Arte estarão cinco desenhos inéditos de Nuno.

Serviço:

Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio

Abertura: 14 de novembro de 2023, das 19h às 21h

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Até 19 de janeiro de 2024

Entrada gratuita

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