Ambientes

A árvore mítica: as oliveiras de Alex Hanazaki na CASACOR SP 2017

Símbolo de muitas religiões, a oliveira é uma planta que atravessa séculos. Quando ver uma, saiba que ela cultiva e pode carregar muitas histórias

por Bárbara Heckler

Símbolo de muitas religiões, como grega, judaica e cristã, a oliveira é uma planta capaz de atravessar séculos. Quando olhar para uma, saiba que ela pode cultivar, em cada parte, um pedaço da história do local onde está enraizada. E este ano, por meio do projeto de Alex Hanazaki, a CASACOR recebe 20 delas em seu Jardim Deca.

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(Adriana Komura/CASACOR)

Conta a mitologia grega que duas divindades disputavam a proteção de seu povo em uma nova cidade. Era Atena, deusa da sabedoria, e Poseidon, rei dos mares. O desafio, então, foi dado. Ganharia o nome da cidade aquele que desse o presente mais precioso a ela. Poseidon mostrou sua força com os cavalos emergindo das águas salgadas. Já Atena ofereceu uma simples árvore, mas que era capaz de dar um alimento repleto de sabor e energia, além de produzir um óleo para iluminar e amenizar a dor dos feridos. Era a oliveira.

Bem, não é preciso dizer qual dos dois venceu a disputa. Até hoje, uma árvore é vista no local onde essa competição teria ocorrido e dizem que todas as outras de Atenas são descendentes dessa primeira oferecida pela deusa.

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A beleza desse mito revela a força milenar dessa árvore. E, quando se diz milenar, não é um exagero. De fato, a oliveira mais antiga do mundo está em Portugal, na região de Santa Iria de Azóia, e foi certifcada, através de estudos científicos, com a data de 2 850 anos. Consegue imaginar quantos povos passaram por ali, colhendo seus frutos? De celtas até romanos, árabes e lusitanos.

Apesar de o país europeu ser reconhecido pela produção de azeite, relatos de uma longa história apontam que a origem dessa espécie é proveniente do sul do Cáucaso, dos planaltos do Irã e do litoral da Síria e Palestina. Tempos depois, devido ao comércio e expedições ultramarinas, a planta se espalhou e se adaptou muito bem no Mediterrâneo, sendo seu fruto incluído nas preferências gastronômicas locais.

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(Yuri Seródio/CASACOR)

No Brasil, não é difícil de encontrar oliveiras em torno de igrejas. Isso porque o simbolismo religioso não ficou apenas na cultura grega, mas também na judaica e católica. Mas foi com a chegada da imigração europeia após a 2ª Guerra Mundial que ela se expandiu pelo país, em regiões onde o frio e o calor são bem definidos – clima ideal para o cultivo.

Por isso, ter uma oliveira por perto não é somente aproveitar sua sombra e apreciar a beleza de suas fores e frutos. É também ter um pedaço da história, quem sabe até um pouco da graça da sabedoria da deusa Atena. Quem sabe…

Jardim de Porcelana

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(Yuri Seródio/CASACOR)

Na CASACOR São Paulo 2017, quem comandou, com maestria, o Jardim Deca foi o badalado paisagista Alex Hanazaki. A ideia foi ressignificar os produtos da marca transformando-os em elementos esculturais paisagísticos. O visitante foi surpreendido pela imaginação do profissional. Em uma primeira caminhada pelo jardim, via-se cubas sendo transformadas em fontes. Já os chuveiros fazem as vezes de cascatas. Na área de permanência, bacias sanitárias viram poesia de cobogós como pano de fundo do jardim. Ali, 20 oliveiras enormes emanam frescor com suas sombras. Além de toda a história envolvida na mítica árvore, Hanazaki as escolheu por fazerem parte de paisagens maravilhosas pelo mundo.

“As oliveiras me dão a sensação de estar em um lugar paradisíaco, como na Grécia ou na Itália”, conta o paisagista.

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(Marco Antônio/CASACOR)

Os detalhes foram muito bem pensados. Ao sentar para contemplar o jardim, perceba que os tons das folhas combinam com o espelho d’água, com seixos importados da Indonésia. De fato, um pedacinho do paraíso no meio do Jockey Club.