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Design, Sustentabilidade

10 vezes em que o cogumelo foi usado como matéria-prima no design

Chamada de micélio, as raízes do fungo permitem a criação de materiais versáteis, duráveis e sustentáveis

Por Nádia Simonelli

Atualizado em 07 mai 2024, 11:37 - Publicado em 07 mai 2024, 10:00

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10 vezes em que o cogumelo foi usado como matéria-prima no design

10 vezes em que o cogumelo foi usado como matéria-prima no design(divulgação/)

O desenvolvimento de biomateriais tem sido tema de pesquisa e estudo de muitos designers nos últimos anos com o objetivo de diminuir o uso de matérias-primas pouco sustentáveis, como é o caso do plástico e do couro animal. E, dentro dessas pesquisas, o micélio tem se destacado. Trata-se da parte vegetativa de um fungo ou colônia bacteriana, que consiste de uma massa de ramificação formada por um conjunto emaranhado. Essa incrível estrutura ganhou relevância graças à sua versatilidade, além de ser um material sustentável e ecológico que pode ser utilizado na criação de uma série de produtos, como você pode conferir na seleção abaixo.

1. Couro de cogumelo colorido


Corantes de resíduos alimentares trazem cor ao couro de micélio no projeto Sages and Osmose
(divulgação / CASACOR)
As empresas britânicas Sages e Osmose se uniram para criar um novo biomaterial. Tratam-se de folhas feitas de micélio tingidas com resíduos naturais de alimentos. O resultado é um material que imita a aparência do tradicional couro animal. A Osmose é especializada em fabricar uma alternativa ao couro a partir do micélio, a parte fibrosa das raízes dos cogumelos, enquanto a Sages produz corantes naturais usando resíduos alimentares, como caroços de abacate, mirtilos, couve e cascas de cebola, que normalmente são aplicados em tecidos. A parceria resultou em um material inovador e sustentável, com o micélio colorido sem a necessidade do uso de corantes sintéticos à base de petróleo, mantendo assim o produto livre de componentes tóxicos e capaz de biodegradar com segurança no solo.

2. Micélio e impressão em 3D


bioMATTERS combina micélio, argila e resíduos industriais para imprimir recipientes e tigelas em 3D
(divulgação / CASACOR)
O estúdio de biodesign, baseado em Nova York e Londres, bioMATTERS misturou micélio, argila e resíduos domésticos e industriais para criar recipientes e bowls impressos em 3D. A coleção de objetos chamada MYCO-CLAY representa o potencial da impressão 3D para gerar peças robustas e recicladas para o ambiente doméstico, utilizando materiais orgânicos e residuais. A ideia da empresa é desenvolver novos produtos biodegradáveis, adotando novos fluxos de trabalho de biofabricação com o micélio e argila, que é um material natural com alta plasticidade. Liderado por Nancy Diniz e Frank Melendez, o bioMATTERS afirma que as peças dessa coleção refletem uma estética pós-digital contemporânea, que ganham vida por meio de precisão computacional, design generativo e tecnologias de impressão 3D.

3. Vasos que limpam a água


Pesquisadores da RISD criam vagens flutuantes de micélio para limpar cursos de água
(divulgação / CASACOR)
Uma equipe de estudantes e pesquisadores da Rhode Island School of Design, nos Estados Unidos, desenvolveu uma série de canteiros flutuantes feitos de um biomaterial à base de micélio. A ideia é usar as peças para remover os poluentes dos cursos de água e restaurar o habitat natural. Chamada de Biópodes Flutuantes, a inovação atua para que seja possível introduzir plantas nativas de volta aos sistemas de zonas húmidas degradadas, ao mesmo tempo que limpam a água por meio da reintrodução de microrganismos que descontaminam naturalmente o ambiente.

4. Luminária viva


Myceen cria abajures macios e aveludados feitos de micélio de cogumelo
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A empresa Myceen, com sede em Tallinn, capital da Estônia, desenvolveu uma série de luminárias suspensas feitas de micélio chamada B Wise. As cúpulas foram produzidas com o biomaterial, enquanto o alumínio compõe a estrutura. Resíduos orgânicos da indústria madeireira e agrícola da região, incluindo serragem e palha, foram misturados com micélio. Depois disso, a mistura foi despejada no molde da luminária para crescer sob condições controladas de temperatura e umidade.
Até a gigante Adidas se rendeu à versatilidade do couro feito de micélio e revelou uma versão do clássico tênis Stan Smith feita com o biomaterial. O calçado conceitual, criado pela marca, tem uma parte superior desenvolvida em laboratório a partir de micélio. Durante duas semanas, folhas deste material foram cultivadas e depois curtidas e tingidas para criar um couro de micélio chamado Mylo, que foi originalmente criado pela empresa de biotecnologia americana Bolt Threads.

6. Embalagem sustentável


Amen cultiva embalagens de micélio com carbono negativo para enviar suas velas
(divulgação / CASACOR)
A marca francesa de velas Amen desenvolveu embalagens carbono-negativas feitas de micélio e resíduos agrícolas para entregar seus produtos aos clientes. A ideia é ajudar a diminuir os resíduos plásticos usados no transporte de produtos frágeis, como velas, que muitas vezes são embalados em plástico bolha para os proteger, mesmo que a embalagem exterior não contenha o material.

7. Parece cerâmica, mas é micélio


Craft Combine cria uma coleção de artigos para casa feita de micélio de cogumelo
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O estúdio Craft Combine, de Seul, na Coréia, projetou uma coleção de recipientes feitos de micélio por meio de uma colaboração com o Bio Lab Seoul, um laboratório público de biologia. Os designers esperam que novos materiais ecológicos, como o micélio, revolucionem mais uma vez a vida humana, assim como a cerâmica revolucionou na pré-história. Eles descobriram que o micélio é um material natural autossustentável, que pode ser combinado com subprodutos agrícolas. O material cresce por meio de um processo natural e desigual. Isso dificulta a obtenção de forma e acabamentos consistentes porque o processo de controle de crescimento não é regular. Porém, aproveitaram essa característica artesanal para criar peças únicas que variam em textura, cor e formato.

8. Micélio no mercado de luxo


Versão da clássica bolsa de couro da Hermès Victoria feita de micélio
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A marca de luxo francesa Hermès fez uma parceria com a empresa de biomateriais MycoWorks para reinventar a clássica bolsa Victoria em uma alternativa de couro cultivada a partir de micélio. A peça foi produzida na cor âmbar. A matéria-prima é curtidas e acabadas pelos curtumes Hermès na França, assim como o couro verdadeiro, para imitar a aparência tradicional — desde o enrugamento até o gradiente de cor. Chamado Sylvania, o material foi criado como parte de uma colaboração de três anos entre a MycoWorks e a Hermès para aperfeiçoar o couro de micélio para uso em um produto de luxo disponível comercialmente.

9. Toque aconchegante


Mari Koppanen cria coleção de assentos de couro de cogumelo
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A designer de móveis Mari Koppanen usou um material semelhante à camurça, historicamente feito na Romênia a partir de fungos, para estofar simpáticos banquinhos. A linha Fomes foi desenhada em homenagem ao fungo conhecido como fomes fomentarius, que produz cogumelos em forma de casco de cavalo. Ao usá-lo para uso em móveis contemporâneos, Koppanen espera preservar essa habilidade ancestral, bem como explorar o material como substituto do couro animal.

10. Couro vegano


Couro vegano da MycoWorks
(divulgação / CASACOR)
Grandes marcas de moda se uniram para investir em um novo material chamado Mylo, que é cultivado a partir de micélio, mas com a aparência do couro animal. Como parte de um consórcio empresarial, as marcas reunidas ajudam a aumentar a capacidade de produção da empresa de biotecnologia americana Bolt Threads. A ideia é criar uma cadeia de abastecimento de couro vegano, o que permitiria a fabricação de produtos com o material em escala comercialmente viável.