Ideias de design para salvar o mundo
Plantas que fornecem luz, couro de abacaxi e até bactérias são utilizados em projetos inovadores para um design mais ético e consciente
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![Votch vegan watches](https://casacor.abril.com.br/network.grupoabril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2019/05/votch-vegan-watches.jpg?resize&quality=90&strip=info&w=1024&ssl=1)
Mais de dois bilhões de toneladas de lixo são produzidas anualmente, aponta um relatório da Organização das Nações Unidas. Eles também afirmam que 99% dos produtos que compramos são jogados fora em apenas seis meses, em média. Seriam necessários 70% de outro planeta Terra para sustentar o consumo no atual ritmo.
A ideia do mundo que queremos deixar para as próximas gerações já foi substituída pela urgência de repensar o impacto das nossas ações no presente, assim como o ciclo de produção, utilização e descarte de recursos e resíduos. Reavaliar o envolvimento das comunidades locais para impulsionar diferentes iniciativas também está – ou deveria estar- na ordem do dia.
Uma boa notícia neste cenário apocalíptico é o aumento do interesse de arquitetos, designers e artistas pela inovação. Verdadeiros laboratórios de pesquisa desenvolvem produtos a partir das matérias-primas mais inesperadas – quem imaginaria um tecido feito com água de coco? Eles buscam soluções em sintonia com o cuidado dos animais, o equilíbrio do clima, o combate ao desperdício e alternativas ao uso do plástico.
Ouro reciclado – isso mesmo
A dupla de designers Andrea Trimarchi e Simone Farresin, da Formafantasma, criou o projeto Ore Streams para explorar o potencial de reaproveitamento de lixo eletrônico. Eles reaproveitam o ouro, presente em circuitos de computadores e outros equipamentos, em novos acabamentos em superfícies. Eles também ressignificaram caixas de celulares, teclados de laptops, peças de micro-ondas e outros itens. Assim, chamam a atenção para o crescente descarte de eletrônicos e a velocidade em que se tornam obsoletos.
![ore-streams-formafantasma](https://casacor.abril.com.br/network.grupoabril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2019/05/ore-streams-formafantasma.jpg?resize&quality=90&strip=info&w=1024&ssl=1)
Água de coco
Seetal Solanki é fundador do studio de design chamado Ma-tt-er, que desenvolveu o composto Malai. Vegano e resistente à água, ele parece com couro ou papel. Na verdade, é produzido por bactérias naturalmente presentes na água de coco, que se desenvolvem em um ambiente úmido. A cultura da bactéria é alimentada pela água de coco – considerada um resíduo -, recolhida pelos agricultores do sul da Índia, que trabalham com o processamento do fruto.
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Leveduras e bactérias
No projeto From Peel to Peel (da casca à casca, em tradução livre), a designer italiana Emma Sicher produz embalagens descartáveis de alimentos. Sua matéria-prima? Uma cultura de microorganismos que proliferam nas sobras de frutas e vegetais. Eles reagem e transformam a frutose e as vitaminas em camadas de celulose.
Pode parecer bastante esquisito, mas o resultado, semelhante à gelatina, descansa, passa por um processo de secagem e se torna uma folha translúcida. O material pode ter várias aplicações, moldando objetos, acessórios e outros itens.
![from-peel-to-peel 1](https://casacor.abril.com.br/network.grupoabril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2019/05/from-peel-to-peel-1.jpg?resize&quality=90&strip=info&w=1024&ssl=1)
Planterna
Partículas que promovem a bioluminescência, como o brilho das águas-vivas, podem gerar luz e reduzir o consumo de energia elétrica. Essa é a ideia de dois cientistas americanos, Michael Strano e Sheila Kennedy, que incorporaram nanopartículas de luciferase em folhas de agrião (foto) e outras plantas. Surgiu assim a Planterna ou os Planters.
A tecnologia permitiria, por exemplo, transformar árvores em postes de luz ou utilizá-las para iluminar uma casa.
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Traje funerário sustentável
Um dos pontos críticos para o meio ambiente é o tempo de decomposição de materiais e a pegada de carbono que cada produto deixa no planeta. A ideia é levada ao extremo nesta invenção – um traje funerário feito de micro-organismos e fios de cogumelos.
O artista Jae Rhim Lee desenvolveu esta roupa que neutraliza as toxinas liberadas no processo e ainda transfere os nutrientes para as plantas ao redor. O Infinity Burial Suit custa US.500, também vai disponibilizar os trajes para pets (!) e tem fila de espera de clientes.
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Estruturas submersas
O artista israelense Erez Nevi Pana mergulhou estruturas em madeira envolvidas com buchas no Mar Morto, que possui altas concentrações de sal. Ele as deixou cristalizar, como a formação de corais. O resultado são peças como a Bleached (branqueada), que evoca uma imediata consciência sobre a importância de preservar a vida marinha e o impacto da interação humana com o meio ambiente.
![Nevi-Pana_Bleached](https://casacor.abril.com.br/network.grupoabril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2019/05/nevi-pana_bleached.jpg?resize&quality=90&strip=info&w=1024&ssl=1)
Couro de palmeira
Com fibras de folhas da palmeira tratadas, é possível criar um material semelhante ao couro e com elas fazer tapetes. O estilista holandês Tjeerd Veenhoven encontrou, assim, uma alternativa sustentável e vegana ao couro tradicional, após oito anos de pesquisa.
![Tjeerd-Veenhoven-palm-laether-rugs](https://casacor.abril.com.br/network.grupoabril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2019/05/tjeerd-veenhoven-palm-laether-rugs.jpg?resize&quality=90&strip=info&w=1024&ssl=1)
Couro de abacaxi
A marca Votch já venceu um Vegan Awards. Ela fabrica relógios ecológicos, e uma das linhas apresenta um material chamado Pinatex, nome derivado de pineapple (abacaxi, em inglês). As folhas da planta são utilizadas para compor essa espécie de couro utilizada nas pulseiras.
![Votch vegan watches](https://casacor.abril.com.br/network.grupoabril.com.br/wp-content/uploads/sites/7/2019/05/votch-vegan-watches.jpg?resize&quality=90&strip=info&w=1024&ssl=1)
Alternativa ao couro tradicional
Outra experiência que resultou em um material semelhante ao couro foi realizada pelo designer Don Kwaning. Ele começou a pesquisar a composição do linóleo, e seu resultado chegou ao Lino: composto resistente e vegano que pode ser empregado em móveis e estofados. A variação de cores depende da farinha de madeira incluída como um dos componentes.
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Tecido vegano de maçã
Mesmo as grandes marcas e designers estão se envolvendo na experimentação de novos materiais. A Cassina se uniu ao designer francês Philippe Starck, que reinventou algumas peças empregando um tecido vegano feito de maçãs que seriam descartadas como lixo industrial. Chamado de Apple Ten Lork, o material rendeu inclusive uma premiado no PETA Vegan Homeware Awards 2019. O PETA é uma fundação que reúne ativistas ligados ao tratamento ético com animais.
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Santuário de borboletas monarca
A população das borboletas monarca enfrenta um grave declínio, o que alerta para o desequilíbrio ambiental e o uso excessivo de pesticidas. O projeto Terreform One instalou este ano em Nova Iorque um pequeno edifício comercial que é um verdadeiro bioma, integrando o habitat das borboletas em suas fachadas e no telhado.
A ação traz as borboletas para a cidade, amplia a presença de outras espécies e demonstra o que deveria parecer óbvio: plantas, insetos e seres humanos podem coexistir em harmonia.
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É pouco provável que estas ideias resolvam os problemas enfrentados hoje no planeta, tampouco sejam fabricadas em larga escala. Mas o conjunto dessas criações tem o papel de fortalecer uma mensagem e um legado, compreendidos e compartilhados por um número maior de pessoas.